sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Dois dedos de prosa


Só dois dedos de prosa, caro leitor, para não deixar passar em branco o fim de ano, sem uma crônica, que fale de uma coisa qualquer. Atendo com isso à minha vontade de escrever algo e, principalmente, à amável sugestão do Claudinho (Cláudio José Pinheiro Filho), meu colega de trabalho, assessor de comunicação da Câmara Municipal de Marabá. É que o Claudinho, conversando comigo, ontem, em meu gabinete, perguntou-me se não sairia uma crônica de fim de ano. “Ah, vai sair, sim!” – respondi. Pronto, aqui está ela.

Hoje são 30 de dezembro. Acabou-se o ano: foi-se 2011 e vem aí 2012. E agora, escrever o que a esta altura? São tantos assuntos para dois dedos de prosa, que fica até difícil escolher, eleger um ou alguns. São dias de muita alegria, de viagens, de festas, embora eu não tenha viajado. Já disse algumas vezes que são dias de reflexão, agora não digo mais. Claro, ninguém ou quase ninguém, reflete nesses dias. Tudo se deixa para depois, para o próximo ano.

Pois bem. Não quero falar de algo especial, de coisa séria. Não. Queria mesmo neste momento estar rodeado de alguns amigos, para falarmos de amenidades, de coisas do dia a dia, descontraidamente, comemorando tudo. Isso é que é bom e vale muito mais do que muitos assuntos sérios de que se ocupam tantos por aí. Dizer o quê? Sei lá!... O ano já passou mesmo. Deixemos, portanto, as coisas sérias para o próximo ano. Existem demais as tais coisas sérias, aliás, sérias até demais, para a gente se preocupar com elas às vésperas de fim de ano ou, como se queira dizer, às vésperas de ano-novo.

Falemos de amenidades ou, então, não falemos de coisa alguma. A crônica, aliás, presta-se muito bem para isso, para tratar, descontraidamente, de assuntos aparentemente sem importância, amenidades. Também para dizer muito sobre coisa alguma, dizer nada de nada, apenas por querer, principalmente quando se trata de uma crônica de fim de ano. Ah, a vida é curta demais para ser levada tão a sério! É isso. Só isso, nada mais.

Bom, foi-se aí o espaço de uma crônica. Vou parar por aqui. Falei muito sobre coisa alguma. Espero não ter decepcionado o Claudinho nem meus demais amigos e leitores. Não queria dizer muita coisa mesmo, só queria dizer que a vida não deve jamais ser levada tão sério, porque isso não adianta mesmo (cheguei a essa conclusão) e, principalmente, porque morrem os sérios, como morrem os brincalhões, os descontraídos. Dizem, aliás, que os sérios morrem mais depressa. Bom, isso eu disse. Em 2012, se Deus quiser, a gente conversa mais.

Feliz ano-novo! Feliz 2012!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Antevéspera do Natal e o Jardim do Parlamento


Sexta-feira, 23 de dezembro de 2011, um pouco mais das 13 horas. Saio, pela porta do fundo da Câmara, para, contemplando o jardim, tomar um fôlego, à minha maneira. Existem vários pés de mogno, além de ipês e outros vegetais, no jardim da Câmara Municipal de Marabá. São mais de vinte pés de mogno – 24 ou 25, mais ou menos – hoje com cerca de cinco ou seis metros de altura, plantas ainda muito jovens, que haverão de crescer muito, em altura, exuberância e beleza arbóreo-amazônica.

No corre-corre do cotidiano, talvez passem despercebidas para muitos, conquanto sejam tão belas. Eu, contudo, gosto de admirá-las diariamente, à minha maneira, num diálogo (mudo, embora eloquente), entre as árvores e o homem da terra, amante da natureza e da Amazônia em especial que sou. Tenho a impressão, às vezes, de que essas árvores, alheias à maldade dos humanos, saúdam poeticamente a quem entra e quem sai. Lógico que isso é apenas uma forma de ver as coisas, mas é verdade.

Há quase sempre passarinhos, que voam de galho em galho, de uma árvore para a outra, e cantam. Puxa vida, é impossível não perceber essa beleza e a simbiose altamente benéfica para nós, os humanos, entre a tecnologia de que desfrutamos no interior do prédio moderno do Parlamento e a natureza representada pelo jardim, com sua fauna e sua flora. Sim, fauna e flora, embora a flora seja bem mais rica que a fauna. É natural que o seja, claro, como é natural que alguns digam que estou escrevendo tolices. Ah, que se danem!

Sou servidor de carreira do Poder Legislativo do Município de Marabá, tendo ingressado por concurso público de provas e títulos, na forma da Constituição da República e das leis. Tenho orgulho disso, até porque – falsa modéstia à parte – tenho a convicção inabalável do cumprimento, ao longo dos anos, da parte que me cabe. Tenho, semelhantemente, orgulho e muita gratidão pelo prédio novo que o povo nos deu. Sempre soube reconhecer a sua importância, o seu valor e, por consequência disso, o dever que Vereadores e servidores têm de prestar um serviço à altura da imponência e beleza das instalações que ocupamos.

Antevéspera do Natal. Aprovou-se o orçamento do Município para o exercício financeiro de 2012 – mais de meio bilhão de reais! – e estamos saindo para o recesso parlamentar. Aqui, às voltas com minhas ansiedades, medos e inquietações, a reflexão sobre o ano de 2011, que vai, e o ano de 2012, que vem. O que queríamos? Conseguimos? Não conseguimos? Por quê? Qual foi nossa atuação?... E agora, o que queremos? Conseguiremos? Para onde vamos? O que é prioritário para 2012? Qual a parcela individual de responsabilidade de cada um de nós?...

Não é algo da boca para fora, mas, de fato, uma reflexão interior e profunda. Tenho muita dificuldade com isso, porque, não raro, nos faltam respostas que convençam. Não existe a sinceridade necessária nas pessoas. Não são poucas as ações danosas e as omissões criminosas de muitos, nas entranhas imundas de um Estado, ocioso e corrupto, que desampara. Tenho medo do futuro, em compasso de ansiedade que quase mata, por causa do semelhante! Não é ilusão nem hipocrisia, não: é a convicção assustadora da realidade.  

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Dar comida aos cãos

“Vou dar comida aos meus cãos.” Essa é a frase que costumo dizer, quando vou alimentar meus cães, Sansão e Aquiles. O plural de “cão”, quando se refere ao animal, é “cães”, sabemos disso. Eu, contudo, por brincadeira, digo “cãos”, pois não são poucos os que, ouvindo isso, vão pensar que o plural “cãos” não existe. Claro que existe, conquanto o significado seja outro. 

“Cãos” é o plural de “cão”, substantivo masculino, que significa cabelos embranquecidos pela idade, embora muitos falantes do português só conheçam a forma “cã”, substantivo feminino, cujo plural é “cãs”. Aliás, pelo menos no Brasil, o que mais se emprega é o plural da forma feminina, havendo, por conseguinte, quem nem sequer saiba que existe o singular “cã”.

 Há outros significados para palavra “cão”, significados estes que deixo, propositadamente, de registrar. Informo, todavia, para curiosidade do leitor, que não me refiro ao significado popular e regionalista diabo. Os significados a que me refiro estão, por exemplo, no Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, de Lisboa, Portugal. E em outros bons dicionários também, é claro. Basta dar uma conferida, até porque é agradável ler dicionário. Bom, pelo menos eu acho.

Há pessoas e pessoas que têm um conhecimento muito limitado da língua portuguesa, mas, a despeito disso, se arvoram de conhecedoras e, com muita frequência, se atrevem a dizer que isso ou aquilo está errado, quando, na realidade, está certo e elas é que não o sabem. Ih, como já vi muito isso acontecer! O indivíduo pensa que a coisa está errada e já sai alardeando, como se tivesse a certeza que não tem.

Lembro-me, por exemplo, de duas irmãzinhas meio idiotas lá de Xinguara, as quais, ao me virem dizer, como dirigente, “convido a igreja a, de pé, ler o texto tal da Bíblia”, pensaram logo que falava erradamente e, lá se foram elas, abobalhada e descaradamente, procurar nos dicionários a palavra “adipé”, pois julgavam que não existia. E, como não a encontraram, ficaram comentando a coisa entre si. Haja paciência para suportar tanta asneira! Isso faz muitos anos, mas, sempre que me lembro da petulância desbragada das irmãzinhas santas, não deixo de me aborrecer um pouco.

As tais irmãzinhas, se tivessem sido honestas e seguido o que diz a Bíblia, em vez de ficarem comentando entre si, ter-me-iam perguntado se tal palavra existia. E aí, lógico, eu lhes explicaria, com todo o carinho, que esse “de pé” aí da minha frase é adjunto adverbial de modo, substituível pelo também adjunto adverbial de modo “em pé”, que muitos iguais a elas pensam ser a única forma correta. Ter-lhes-ia dito também que, “adipé”, se existisse (como não existia), seria substantivo, adjetivo ou coisa parecida e não se prestaria para emprego no contexto em que eu empregava “a, de pé,...”.

Registro, para concluir, que as tais sabichonas cursavam o ensino médio e trabalhavam no comércio, razões pelas quais não deveriam ser tão ignorantes como eram. Mas eram, e – o que é pior – continuam sendo. Passam-se os anos e elas mudam apenas de idade, as atitudes e a ignorância continuam as mesmas.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Esperança


Leio a Primeira Epístola de Pedro, capítulo 3, versículo 15. E me detenho na parte final, que diz “e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. Esperança. A Bíblia diz que as pessoas precisam ter esperança. Aliás, a Bíblia afirma aí que os cristãos têm esperança, não uma esperança vã, mas uma esperança que tem razão, e razão exigível, explicável, compreensível. É isso que o missivista diz aos destinatários.

Pedro falava, é claro, da esperança de salvação. As pessoas, contudo, precisam também de esperança material, porque vivem tempos difíceis. São tempos de desamor, iniquidade, falência do Estado e do Direito estatal: tudo está mais para desespero do que para esperança. E não há palavra uniforme a respeito. Os materialistas negam a esperança do porvir fora da existência física; os espiritualistas, a esperança que não seja da existência imaterial, espiritual.

Digo aí espiritualistas e materialistas no sentido comum, de visão exagerada, ora somente espiritual, ora somente material. E discordo deles, porque penso – sem olvidar ser imemorial esse pensar – que a razão está no meio. Claro, meden agan, como já diziam os gregos, moderação. Todo extremo é perigoso, porque a virtude está no meio. Isso vale para tudo, em todas as áreas da atividade humana.

Não faz sentido algum relegar a felicidade inteiramente para a vida no além, da mesma forma que não passa de extrema loucura pensar a felicidade apenas no mundo material. O ser humano precisa ser visto, pensar e agir de forma holística, porque é corpo e alma, ao mesmo tempo, um todo físico e um todo espiritual. É por isso que precisa ter esperança, tanto material quanto espiritual.  

A vida não se resume apenas à existência física e, muito menos, apenas à existência espiritual. Ainda bem. Ninguém deve abdicar da vida física em plenitude e aceitar como normal a pobreza, menos ainda a miséria. Pobreza e miséria não são condições naturais da vida, são consequências da desigualdade, da exploração do homem pelo homem. Por que uns com tanto e outros sem nada? Por quê? Sei lá! A resposta depende da visão de quem responde.

Salomão, o Pregador do Eclesiastes, ensinava: “A melhor coisa que alguém pode fazer é comer e beber, e se divertir com o dinheiro que ganhou. No entanto, compreendi que mesmo essas coisas vêm de Deus” (Ec 2.24). E Paulo, o apóstolo dos gentios, escreveu: “Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo” (1 Co 15.19).            

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Chegou dezembro


Chegou dezembro e vêm aí o Natal, o fim do ano velho e o começo do ano novo, a tríade de alegria e esperança! É tempo de festa, de alegria, de gratidão pelo que aconteceu e de esperança do que acontecerá! Por isso e tudo o mais que não sei expressar, gosto muito do Natal, desse clima gostoso de música, de casas e ruas enfeitadas com luzes coloridas, desse aflorar da solidariedade, não raro, reprimida ao longo do ano.

Natal é a comemoração do nascimento de Jesus, o Cristo e também filho unigênito de Deus, dado para morrer em favor do seu povo e ressuscitar para voltar a Deus, o Pai, que o deu. A vinda, vida, morte e ressurreição do Cristo de Deus estão registradas nos Evangelhos e até em outros livros da Bíblia, livro sagrado dos cristãos. Em todo aniversário, o mais importante é – e sempre deverá ser – o aniversariante. Se não for assim, a festa será em vão, porque a comemoração não terá sentido. Reflitamos, pois, sobre isso.

Natal não é somente o tempo de dar e de receber presentes, conquanto, infelizmente, seja esse o aspecto a cada ano mais acentuado no mundo ilusório e cruel dominado pela ânsia inglória do ter em vez do ser. Natal é, antes e acima de tudo, tempo de reflexão, de pensar na transitoriedade da vida física, na existência ou não de vida após a morte, na insignificância provada e comprovada das coisas materiais, que ninguém leva para o além-túmulo (aliás, nem mesmo para o túmulo).

Existe – é claro e eu jamais me esqueço disto – a verdade de que o Natal, 25 de dezembro, é apenas uma convenção, porque a Bíblia não registrou nem o dia nem o mês em que Jesus Cristo nasceu. É muito interessante isso, mas não é disso que estou falando. Falo dos outros aspectos, até porque, queira-se ou não se queira, a comemoração existe, o que, por si só, representa excelente oportunidade para se ensinar sobre o Cristo de Deus e sua obra redentora, salvadora de seu povo.

Portanto, se ainda não o fez, neste Natal, faça diferente.  Contemple ainda mais a beleza da natureza, das ruas e casas coloridas, a alegria esperançosa das pessoas no porvir, deixe-se enlevar pela beleza da música natalina, dê presentes, receba com gratidão os presentes que lhe derem, vá às festas, comemore, viva plenamente. Se já o fez, faça de novo. Isso é bom, muito bom.

Faça, como lhe disse, tudo isso. Não se esqueça, porém, de que Jesus Cristo morreu, segundo o plano e beneplácito de Deus, para salvar a quem nele crê. Sem crê em Jesus Cristo – diz a Bíblia –, ninguém será salvo. Sei, é claro, que existem outros credos e, por conseguinte, quem não crê na Bíblia. Não posso mudar isso. Tudo bem, cada um com a sua fé. Eu, contudo, escrevo para quem crê como eu creio. Vamos viver e comemorar o Natal, mas desse jeito.

Tenha fé, tenha esperança e faça o que lhe couber fazer para que o próximo ano seja realmente um ano muito melhor do que este, o qual – não seja ingrato jamais – foi bom. Encerro lhe dizendo como diz a Bíblia: “O SENHOR te abençoe e te guarde” (Nm 6.24).   

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Aprovações Obrigatórias na Criação de Um Estado

De acordo com a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Plebiscitos e Referendos (Lei n.º 9.709, de 18 de novembro de 1998) a criação de um Estado – juridicamente, dizemos Estado-membro –, passa obrigatoriamente por, no mínimo, quatro discussões e aprovações decisivas. Tenho dito isso com frequência.

A primeira delas é a aprovação do decreto legislativo que autoriza a realizar o plebiscito. A segunda (e mais difícil, porque envolve grande número de participantes) é o plebiscito. A terceira é a aprovação do projeto de lei complementar de criação do Estado, quando a decisão plebiscitária é favorável à criação, quando a decisão é “sim”. A quarta e última é a sanção do presidente da República.

Poderá haver, ainda, a quinta discussão e aprovação, se o presidente da República resolver vetar o projeto de lei complementar aprovado, o que, em tese, é muito difícil acontecer, mas, juridicamente, é possível, pois quem tem o poder de sancionar também tem o poder de vetar, embora deva fazê-lo sempre motivadamente. Se o presidente veta o projeto de lei e o Congresso Nacional rejeita o veto, o que era apenas projeto aprovado se transforma automaticamente em lei, a qual obrigatoriamente será promulgada, ou pelo presidente da República, ou, na omissão deliberada deste, por quem de direito, conforme a sucessão ditada para isso pela Constituição.

Como se vê, a primeira, a terceira e a quinta decisões são tomadas por várias pessoas, a saber, pelo Congresso Nacional, composto de deputados federais e senadores da República. A segunda é tomada por muito mais pessoas ainda: pelo povo chamado na Constituição e na lei de população diretamente interessada (e que, ninguém se esqueça disso, o Supremo Tribunal Federal já decidiu ser a população do Estado todo). A quarta é tomada por uma só pessoa, o presidente da República. Ora, é desnecessário dizer, a esta altura, porque esta ou aquela decisão é mais difícil, mais complicada. É por causa dos interesses e do número de pessoas envolvidas, claro.

No caso atual – criação dos Estados-membros de Carajás e Tapajós –, estamos no momento mais difícil, o plebiscito. Puxa vida, quero muito, muito mesmo, que esses Estados-membros sejam criados. E o quero por uma série de razões – desapaixonadamente o digo, porque racionalmente o vejo –, mas, principalmente, pelo progresso e desenvolvimento em todos os sentidos dos novos Estados e do Estado remanescente. Não posso entender por que pessoas daqui – ainda que, felizmente, sejam, como de fato são, muito poucas – dizem que votar “não”! Por mais democrático que eu queira ser, não consigo ver uma decisão dessas com bons olhos, como algo racional, aceitável.

A indisposição do povo de lá até que dá para entender, para aceitar, uma vez que, aparentemente, só nós seríamos os beneficiados, mas a indisposição, a má vontade tola do povo daqui, não! Só para ter uma ideia, a área do Estado do Pará como um todo, que hoje tem apenas três senadores, passará a ter nove! E nós, dileto leitor, queiramos ou não queiramos, dormimos e acordamos sob – “debaixo de”, para os curtos de inteligência – consequências diretas da boa ou má, grande ou pequena, atuante ou omissa representação política que temos no Congresso Nacional e nos demais parlamentos.

Logo, se estiver vivo, como espero estar, votarei “sim”, pela criação dos Estados-membros de Carajás e Tapajós, porque eu quero muito a felicidade dos meus filhos, netos e demais descendentes. Não posso jamais negligenciar essa oportunidade ímpar que me é dada para isso. Faço o mesmo, meu leitor! Faça o mesmo! "Pois é certo que haverá um futuro; e a tua esperança não será aniquilada" (Provérbios 23.18).

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O martírio do cão Lobo


  “Morre Lobo, o cão arrastado por ruas de Piracicaba (SP)”, eis aí manchete da página do UOL Notícias, na rede mundial de computadores, hoje, 16 de novembro de 2011, manchete que me deixou triste e muito irado contra o infeliz agressor, cujo nome deixo de registrar por julgá-lo indigno de figurar na minha crônica.

Lobo foi um cão da raça rottweiller que nasceu, presumo, em Piracicaba, São Paulo, onde também foi absurda e covardemente supliciado e morto por quem, mais do que todos, tinha a obrigação moral, legal e jurídica de protegê-lo. Foi vítima de um crime cruel contra a natureza e todo crime contra a natureza é também um crime contra a humanidade.

A morte do Lobo foi um crime cruel (e hediondo, por que não?). Se não foi doloso, como penso ter sido, foi culposo. E, doloso ou culposo que tenha sido, clama or justiça, a saber, pela punição do criminoso. Ele foi arrastado, cruel, covarde e desumanamente, por um automóvel em alta velocidade, dia 2 de novembro, conforme amplamente divulgado pela mídia.

Foi um crime contra o meio ambiente. A prática de ato de abuso, de maus-tratos, dentre outras, contra animal doméstico é tipificada como crime pelo artigo 32 da Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. E foi um crime hediondo, não no sentido técnico-jurídico da expressão, porque, infelizmente, não está tipificado como tal, mas hediondo no significado comum, que é de repugnante, sórdido, repulsivo, horrendo.

Agora o infeliz que o matou diz à Polícia que foi acidente, por não ter visto o cão cair da carroceria do veículo. Ele diz, mas eu não acredito. Não acredito e espero que as autoridades encarregadas do caso também não acreditem, não caiam nessa, por ser algo totalmente desarrazoado. Não se deve aceitar o desarrazoado, o absurdo.

Há razões de sobra, no caso da morte de Lobo, para não aceitar a versão do acusado, dentre as quais realço duas: a declaração das duas testemunhas que, segundo a mídia, confirmam a intenção dolosa e confessada por ele de matar o pobre animal, e o fato de que, sendo um cão de grande porte, era impossível ele cair da carroceria do carro e a queda passar despercebida.

Era um cão de grande porte, por causa da sua raça. Era, contudo, um cão muito bonito e, por certo, um cão alegre, brincalhão, que se alegrava com a presença de seu dono, como se alegram todos os cães. Eu vivo isso todos os dias, pois tenho dois cães, um deles inclusivamente muito parecido com o Lobo. Mas Lobo foi morto covardemente – repito – por esse dono, que tinha a obrigação de protegê-lo!  Isso, por si só, é suficiente para a busca incansável e, por fim, aplicação, na forma da lei, da punição merecida.

Espero que a Sociedade Protetora dos Animais, a Prefeitura Municipal de Piracicaba, o Ministério Público e o Poder Judiciário, cumprindo cada um deles a sua missão institucional, o seu papel, não aceitem essa versão absurda e covarde do agressor e, por isso, lhe apliquem a punição devida. A morte de Lobo não pode ficar impune!
 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Quero minha família de volta


Aconteceu-me por duas ou três vezes na infância dormir à tarde e acordar à noite com a sensação de que dormira a noite inteira e acordora somente no outro dia. Creio que isso, como aconteceu comigo, aconteceu com muitas pessoas. Eu acho, não sei os outros, mas, como não sou nenhum ser do outro mundo, creio que isso é normal.

Neste domingo, 13 de novembro de 2011, aconteceu algo parecido. Muito cansado, dormi por volta das 16 horas – após chegar da feijoada beneficente promovida, na Loja Maçônica Pioneira da Transamazônica, n.º 44, pelo Capítulo DeMolay Pedro Marinho de Oliveira, n.º 220 – e acordei exatamente às 19h5, com a terrível sensação de “quero a minha família de volta!”. O quarto estava escuro e a casa toda em silêncio, parecia que todos haviam saído e me abandonado sozinho a dormir.

Somos da Igreja Presbiteriana do Brasil e, por ser noite de domingo, pensei mesmo que eles haviam ido para a igreja. Era, contudo, apenas impressão minha. Abri a porta do quarto e vi que o Samuel e o Daniel assistiam à tevê, na sala principal, e a mãe deles, na minha biblioteca, trabalhava ao computador, revisando uma entrevista sobre educação inclusiva que sairá numa publicação da Universidade Federal do Pará – Campus de Marabá.

Lembrei-me do tempo de criança e pensei em escrever algo. É agradável lembrar essas coisas. Lembrei-me também do filme de comédia Esqueceram de Mim: esquecido em casa pela família, que viajara no feriado, Kevin, o molequinho sapeca, depois de muitas peripécias e traquinagens, fica acuado e, à beira do desespero, grita que quer a sua  família de volta. Gosto muito de Esqueceram de Mim, pelas boas risadas que proporciona e pelas lições de vida que transmite.

Falar de tevê, lembra-me o Chaves. Incrível. Por certo, muitos vão dizer que é matutice minha, mas assisto ao Chaves desde 1979, 1980, por aí assim. São sempre as mesmas cenas, claro, mas continuo gostando de assistir e o faço sempre que tenho tempo disponível. Comecei a assistir ao Chaves juntamente com o Douglas, meu primeiro filho, que completou 24 anos em janeiro de 2011, e continuo a fazê-lo em 2011, com o mesmo prazer, juntamente com o Samuel, até agora meu caçula, que completou 6 anos em abril.

Pode parecer que é porque sempre fui muito pobre. Pobre é assim mesmo. Fazer o quê? Sou matuto e pobre. E daí?... Azar de quem não gosta de matuto nem de pobre! Pode parecer, mas não é. Não é somente por isso, não. É pela ironia, pela denúncia social e, acima de tudo, pela ternura. Como diz seu inteligente criador, Roberto Gómez Bolaños, no prefácio do livro Diário do Chaves, o menino Chaves é “perfeita encarnação da ternura”. Credito a perenidade do Chaves à sua simplicidade, que fala à mente e ao coração das pessoas.

Claro, elementar: nem tudo na vida é o que parece ser. “A verdadeira sabedoria consiste em saber como aumentar o bem-estar do mundo”, dizia Benjamin Franklin. “Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é que tudo é um milagre”, dizia Albert Einstein. Não sou maniqueísta, mas penso que Einstein mandou muito bem aí.

sábado, 12 de novembro de 2011

Marabá, minha Marabá


Marabá não pode contar com a minha poesia, porque não sou poeta. Sua beleza, no entanto, jamais precisaria de poetar claudicante e mixuruca, dispensa apresentação porque fala por si mesma. Cá para nós – ainda que digam maculado de suspeição filial o nosso ver, apreciar e amar – seus dotes naturais por si mesmos se expressam na sua pujança inigualável, porque, já diz o nosso brasão, com a ajuda de Deus, chegaremos às estrelas (“Favente Deo ad astra vehimur”). 

Temos rios, não simplesmente rios, mas belíssimos rios; praias, não marítimas, mas fluviais, que não são apenas praias, são praias belíssimas, como belíssimas são nossas mulheres. A mulher marabaense é linda, belíssima, como mais linda, mais bela fica a mulher que aqui aporta! Temos poetas, que cantam a beleza sem par da nossa terra. Por mais que, na visão estéril de quem a tudo apouca e amesquinha, isso pareça inexpressivo, penso o que penso, sinto o que sinto, digo o que digo.

Não temos Avenida Atlântica nem Copacabana, a princesinha do mar; temos, porém, Orla Sebastião Miranda, beleza e orgulho nosso à margem tocantina, e temos Marabá, que é apenas Marabá, não é Pioneira nem Velha nem qualquer outra adjetivação desse jaez que se lhe queira pôr. Nossas praias belíssimas e agradavelmente acolhedoras, como a do Tucunaré e a do Geladinho e tantas outras, são banhadas a um só tempo pela água tocantina e pelo sol marabaense, tão belo quanto os outros sóis do Pará, do Brasil e do mundo. O céu vespertino da Praça Duque de Caxias tem o azul mais bonito que conheço.

A VP-8, com suas sumaúmas, ipês, patas-de-vacas, jatobás e outros mimos faz por deleitar o transeunte que por ela passa tal qual o faz a Praça Duque de Caxias, com seus já quase centenários oitizeiros e mangueiras, e também os mais recentes exemplares de ipê e pau-preto. A Praça do Mogno, na verdade um bosque reflorestado, já pelo nome dispensa apresentação e comentários. De igual modo é a Alameda do Maneco, túnel verde de bambus, que ornamenta e refrigera o entrar em Marabá e dela sair a qualquer hora. E o bosque da escola do Serviço Social da Indústria (Sesi)? Ah, me faltam as palavras para dizer da sua arborização!

Mas, é só isso? Não! Temos a Transamazônica, que, aliás, para mim, dentro da cidade é avenida e deveria ter denominação própria. Rodovia é “via rural pavimentada”, algo bem distinto de via urbana – não sou eu quem o diz, é a lei de trânsito que o define. Isso, todavia, não vem ao caso, pois, avenida ou rodovia, ela é lindíssima, com sua arborização de palmeira-imperial, coco-dendê, pau-preto, jatobá e até pequiá, da ponte do Rio Itacaiunas até desaparecer na floresta (digo, onde havia floresta), rumo a outras plagas.

Como descrever os pés de mogno, exuberância arbórea de beleza altaneira, que parecem saudar, não somente a mim, quando chego para trabalhar e quando saio, não raro cansado, de volta para casa, mas a todos, marabaenses ou não, que visitam o prédio do Parlamento Municipal, local em que o povo, bem ou mal, continuamente vive a legislar? É muito agradável vê-los e contemplá-los como obra perfeita dentre tantas das mãos divinas! Eles estão lá, todos os dias, imperturbavelmente garbosos, haja chuva ou faça sol.

É isso. Marabá é tudo isso e muito mais que não sei dizer! Mas não precisa dizer mais, não é necessário. Quero, por conseguinte, que me seja permitida a repetição, por certo paupérrima, mas sem nenhum exagero, para parafrasear, à guisa de síntese muita apertada, o que já disse em poema dedicado à mulher, e finalmente dizer: Nem é preciso falar,/ Basta contemplar e amar,/ O que ela é, o que ela tem,/ Marabá, igual a ti lugar não há!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A boa leitura e a boa conversa


Gosto de falar da minha admiração profunda pelos cronistas Rubem Braga, falecido, e Carlos Heitor Cony, para nossa alegria e felicidade, vivo e ainda bem vivo. Também por vários outros, dentre homens e mulheres, claro, mas esses dois em especial.

Pois bem. São 2h59, em nosso horário, que não é o horário brasileiro de verão. Estou findando, neste fim de noite e começo de dia, minhas atividades noturnas. E, não poderia ser melhor, faço-o com chave de ouro, a saber, com a leitura da crônica “O suor e a lágrima”, de Cony, publicada pela Folha de São Paulo, edição de 19 de fevereiro de 2001. Leitura no blogue literário Voo da Gralha Azul.

Puxa vida, a despeito da simplicidade do assunto tratado e da reduzida quantidade de palavras empregadas pelo cronista, “O suor e a lágrima” é uma das mais belas crônicas que já li. Tinha que ser realmente com essa bela página o encerramento das minhas atividades de hoje, sem dúvida, para que não deixasse passar em branco o meu dia, sem escrever algo.

Ler e escrever é o que me mantém de pé, com vida, sem exagero o digo. Não foi sem razão que, após me receitar remédios para depressão, em 2010, o Dr. César Antônio Rodriguez Montes, meu cardiologista, como último conselho ou recomendação daquela consulta, disse-me: “Procure fazer o que gosta. Por exemplo, sei que gosta de ler e escrever. Continue fazendo isso, que vai lhe fazer bem.”

Claro, eu segui o conselho do meu médico, porque sei que ele quer o melhor para mim. Confio no meu médico, porque sou advogado e exijo que meus constituintes confiem em mim. “Ao médico e ao advogado não se mente”, já diziam os romanos. E eu sempre friso isso na conversa profissional com os que me procuram os serviços. E sempre lhes digo: “Se você não confia no seu médico ou advogado, mude de profissional, porque essa relação tem que ser de inteira confiança.”  

É das minhas leituras e da conversa com amigos e parentes que, diariamente, tiro a força necessária para encarar a vida e ser feliz. Na tarde de hoje (tarde de ontem, aliás, já que estamos bem depois da zero hora), por exemplo, conversei por longo tempo, no Messenger, com o Dr. Carlos Magno, meu ex-colega de Câmara Municipal de Marabá, hoje juiz de direito de Nova Timboteua. Como foi boa, alentadora, confortante, revigorante a nossa conversa!

É isso. Li e escrevi. Também tomei muitos remédios e fiz um variado número de outras atividades. É hora de ir dormir. Fá-lo-ei agora. Que o Criador seja servido de me fazer depois acordar e continuar vivendo!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Banho de chuva


Depois de muitos anos, voltei a tomar banho na chuva, ato simples, mas agradável, muito agradável. Aliás, as coisas simples da vida são sempre muito agradáveis. É muito bom tomar banho, descalço, na chuva, como eu fazia na infância e na adolescência, juntamente com meus irmãos um ano e dois anos mais novos do que eu: José e Raimundo.

Falar de coisas simples da vida me faz lembrar sempre que a Bíblia diz que as coisas encobertas, os mistérios, pertencem a Deus, mas as coisas reveladas pertencem a nós e a nossos filhos, para sempre. Está escrito lá em Deuteronômio, capítulo 29, versículo 29. Bom de decorar, não é?...

Não vou entrar em pormenores de hermenêutica, exegese, interpretação desse texto. Não, porque esse não é meu objetivo aqui e, principalmente, porque, para mim, ele é muito claro. Demais disso, penso que não tenho a formação acadêmica exigida para tal, deixemos isso para os doutos. A gente precisa viver a vida como a vida é, tomar posse das coisas boas, que são simples, mas importantes e belas, deixar de sair por aí à procura de coisas difíceis, de complexidades.

Há outra passagem bíblica, dentre muitas, que também fala muito profundamente ao meu coração, aliás, ao coração de quem a lê, porque ela, a despeito da verdade que encerra, é muito simples. É o versículo 10 do capítulo 90 do livro de Salmos, o qual diz que os dias da nossa vida chegam a setenta anos e que, se alguém passa disso, o resto é canseira, enfado, sofrimento ou, por minha conta, coisa que o valha.

Mais uma vez, desnecessária a exegese, a interpretação. A Bíblia diz o que diz, que está escrito. E basta. Nada mais. Os homens, as pessoas, é que complicam tudo. É incrível como há pessoas que gostam de complicar as coisas e andam, ansiosas, sempre à busca da complexidade!  Misericórdia! Sim, misericórdia!... É preciso ter sabedoria para ver e contemplar a beleza e a complexidade das coisas aparentemente simples.

A vida é curta, muito curta, e, por isso, deve ser vivida, como se cada momento fosse o derradeiro, até porque um deles, que não sabemos qual é, realmente o será. E aí, babau, cachimbo de pau! Depois da morte, o juízo! É, sim! A Bíblia também o diz, não obstante exista quem acredite  na reencarnação. Eu não acredito, mas isso é outra história. Respeito quem acredita, como quero e exijo que me respeitem.

Eu quero é tomar banho de chuva e fazer outras coisas semelhantes, que se danem o mundo e quem gosta de complexidades. Tomar banho, descalço, na chuva é bom, se a chuva é grossa, abundante. Principalmente, se for à tarde; não sei por quê, mas, à tarde, é mais gostoso. Eu já fiz muito isso, desde criança e posso, por isso, garantir que vale a pena. Sim, “paga a pena”, como diria Machado de Assis. Experimente você que, porventura, nunca o fez. Depois, quando me encontrar por aí, comente comigo. Diga-me o que sentiu.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Crônica de uma madrugada e manhã chuvosas

Desperto pela chuva, às 4h20. Levanto-me, apressadamente, para soltar os cães Aquiles e Sansão, os quais, ao relento, estão amarrados no terraço. O Sansão, cão de raça, é caladão: pode chover rios e mais rios que ele nem grunhe. Já o Aquiles, quase totalmente vira-lata, é chorão: fica grunhindo e latindo fino, chorando.

Apaixonado como sempre pela madrugada, decido não voltar a deitar-me e vou coar café, minha bebida preferida a despeito de proibida pelo cardiologista por causa da miocardiopatia. Termino de coar o café à luz de velas, porque a energia se foi e me deixou (por sinal, muito aborrecido) no escuro.

Há goteiras no telhado que, em alguns cômodos da casa, fazem escorrer água pelo forro recém-concluído, principalmente na biblioteca, onde, para meu momentâneo desespero, há livros, revistas e jornais espalhados pelo piso, dentro e fora de caixas de papelão. A capacidade das estantes existentes, há muito, está esgotada e ainda não providenciei outras.

A Câmelha e as crianças estão dormindo. Sozinho, portanto, à luz de velas e de uma laterninha fajuta, vou, muito zangado com a concessionária de energia elétrica, em socorro do meu acervo. Tira livro daqui, põe livro ali e acolá; empilha livros aqui, põe caixa ali, e assim vai. Pego do rodo e começo a enxugar a sala quando a energia, depois de quase uma hora ou mais, resolve voltar.

Concluída a tarefa na biblioteca, é quase dia e a chuva continua a cair, copiosa e gostosamente, como que a me convidar para aquele banho pluvial, como nos tempos idos da minha infância e adolescência. Tiro a roupa e caio na chuva, aí permanecendo por cerca de quase uma hora, tempo que aproveito para, com o rodo, lavar muito bem lavados o terraço e o hall da cozinha.

De hall, pensando em Inglês, pulo para Halloween e daí para All Hallows’ Day ou All Saints’ Day, que é o 1.º de novembro. Esse dia, para mim, é apenas a data de nascimento do meu pai, mas, para os cristãos de confissão católica apostólica romana, é o Dia de Todos os Santos. Isso, contudo, não se discute, cada um com sua fé ou até sem ela.

Finalmente amanhece. Saindo da chuva, vou ao banheiro, concluir o banho, com sabonete e xampu, pensando em escrever esta crônica. Terminado o banho, tomo mais um cafezinho e sento-me ao computador, para escrever. Foi assim que amanheci o 2 de novembro de 2011, um dia de madrugada e manhã chuvosas.

Terminada a crônica, vou tomar meu shake e os remédios para o coração (digoxina, carvedilol, losartana potássica, ômega-3 e furosemida associada a cloridrato de amilorida). É a minha sopinha matutina de medicamentos. Logo após o almoço, haverá mais. E à noite, também.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Leitura apressada de um fim de noite


“Sim, eu sou assim” (Fiódor Dostoiévski, Notas do Subsolo). Caramba, amei essa frase que li, numa leitura apressada, aliás, muito apressada de um fim de noite ou, se preferirmos, de um começo de dia, à zero e alguns minutos de 27 de outubro de 2011. E, logo que a li, não aguentei ficar sem escrever alguma coisa, sem pôr a lume, no entender de muitos, talvez, um amontoado de baboseiras. Que seja! Não estou nem aí.

Não é que eu não mude de ideia, eu mudo. É que, embora saiba que isto incomoda a muitos, eu sou muito eu. Gosto de ser assim. Fazer o quê? Azar de quem se incomodar! Querendo ou não, a gente vive a incomodar a quem se importa mais do que devia com a vida alheia. Por isso, toquemos a vida. Não vim ao mundo para agradar a todos, ainda que, idiota, tivesse tamanha pretensão.

Confesso que, às vezes, gosto mesmo de incomodar, conquanto, por paradoxal que pareça, me esforce bastante para ser agradável a quem convive comigo nos mais diversos ambientes, segmentos e situações: em casa, no trabalho, no meio religioso, na Maçonaria, na Ordem dos Advogados do Brasil, na Herbalife e onde mais que esteja. Sim, eu me esforço muito para, sem falsidade, ser agradável quanto possível em tudo e a todos.

Não sei, todavia, disfarçar a ira, o inconformismo, quando me aborreço. Não sei deixar de responder à altura, quando necessário. Detesto pessoas falsas, hipócritas, mentirosas, por mais que de hipócrita e mentiroso, voluntária ou involuntariamente, todo o ser humano tenha um pouco. É. A Bíblia diz que não há justo sobre a terra, nem um sequer. A imperfeição é ínsita à natureza desse animalzinho pretensioso chamado homem, o Homo sapiens.

 Não sou debochado, nem arrogante, nem intolerante, ainda que pareça às vezes ser tudo isso e mais alguma coisa do gênero. Nunca fui e tenho convicção disso (claro, ao dizê-lo, simplesmente por dizê-lo, já estou incomodando). Apenas amo, na expressão mais profunda desse verbo, a liberdade, até porque eu, com muita alegria, sou maçom. A Maçonaria cultiva a virtude e combate preconceitos, erros e vícios, porque preza e a defende com todo o rigor a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

Encerro, para não cansar a quem quer que seja, conquanto talvez até tenha cansado. Ousei dizer de mim mesmo, embora o tenha feito propositada, mas apressadamente. É que não me acudiu outra ideia no momento. Demais disso, segui as pegadas de Dostoiévski (“do que um homem honesto pode falar com mais prazer” é “de si mesmo”). Mas, ninguém se engane, eu sei o que Dostoiévski quis dizer com isso. Bom, penso que sei. O estar ou não enganado é outra história. “Sim, eu sou assim.”

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O povo do bóton


Fui recentemente ao Rio de Janeiro – 13 a 17 de outubro de 2011, para ser exato –, onde fiquei hospedado no bairro de Copacabana. Amei contemplar a beleza natural da cidade, especialmente seus fragosos e azulados alcantis e o mar, mas também as obras de engenharia e arquitetura (túneis das mais variadas extensões insculpidos na rocha, alguns com centenas e até milhares de metros de comprimento, grandes e luxuosos edifícios).  

O Rio de Janeiro continua lindo e não deixa de ser a Cidade Maravilhosa. É bela (aliás, belíssima) a terra das crônicas de Rubem Braga, Carlos Heitor Cony e João Ubaldo Ribeiro, dentre outros dos meus cronistas preferidos. E olhe que nem estava passeando, andava a trabalho, como membro da Equipe Mundial da Herbalife. O Rio de Janeiro, na parte que conheci (indispensável sempre a ressalva), é lindo. Nota dez!

Paixão à primeira vista, sem dúvida, é como posso definir meu sentimento. Sim, cultivo agora mais uma paixão: a Zona Sul do Rio de Janeiro (Copacabana, Leblon, Ipanema, Gávea, Barra da Tijuca e outros bairros), na parte diminuta que conheci. Mas, para mim – Rio de Janeiro ou qualquer outro lugar à parte – bom mesmo é voltar para casa e estar com os meus, no meu cantinho de sempre: a correspondência, os livros, jornais e revistas, meus cães, o trabalho, a família, os amigos. E, que bom, eu voltei! Mal chegara ao Rio, já estava com muita saudade de casa.

Aeroportos e hotéis ficaram repletos de homens e mulheres de bóton, o povo da Herbalife. Vi algumas pessoas de lá expressarem isso, o que naturalmente nos deixava lisonjeados. O próximo lugar invadido pelos “maluquinhos do bóton”, como diz brincalhonamente a Dr.ª Nazaré Miranda, membro da Equipe Internacional de Presidentes da Herbalife, será Buenos Aires, Argentina, mês de novembro de 2011, numa viagem de incentivo.

É muito gratificante viajar como membro da Herbalife, seja em viagem de férias ou não, porque, mesmo distante de casa, nos sentimos em meio a uma grande família, ao vermos, nos mais diferentes lugares e ocasiões, uma ou mais pessoas de bóton iguais a nós porque professam o mesmo ideal de saúde e bem-estar, a mesma visão, a mesma missão, a mesma esperança, ideais de Mark Hugues, fundador da nossa companhia.

A Herbalife International, a despeito de ser constituída por pessoas diferentes de diferentes nacionalidades, é um todo homogêneo, porque não alimenta nem sequer admite em seu seio preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou qualquer outra forma de discriminação. Nossos eventos corporativos são a prova cabal disso. Vale a pena, por isso e muito mais, fazer parte do povo do bóton!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Gostosa Nostalgia

Marabá (por enquanto, Estado do Pará), 27 de setembro de 2011, um dia de memorável sessão da Câmara Municipal, a sessão solene de comemoração antecipada do Dia Nacional do Idoso, que é comemorado em 1.º de outubro de cada ano, conforme o artigo 1.º da Lei Federal n.º 11.433, de 28 de dezembro de 2006. Sessão solene requerida pelos vereadores Júlia Maria Ferreira Rosa Veloso e Ronaldo Batista Chaves, o Ronaldo Yara, meus amigos.

Louvável iniciativa, pois foi, como eu disse, uma sessão memorável! O Plenário “Dr. Demósthenes Azevedo” estava lotado de pessoas da chamada terceira idade, que eu, particularmente, gosto mesmo de chamar, com o maior respeito e profundo carinho, é de velhinhos. Sim, o plenário estava lotado de velhinhos, com suas cãs para mim extremamente atraentes, porque a prova incontestável de, não raro, muito sofrimento, mas também muita sabedoria pelos anos já vividos.

Infelizmente, é da nossa cultura o menosprezo ao ancião, em lugar do merecido respeito, valorização e dignidade. Eu, contudo, sempre tive um carinho todo especial com as crianças, as pessoas idosas e as mulheres, não necessariamente nessa ordem. Também com os meus cachorros, aliás, com meus cães e cachorros (etimologicamente, há diferença entre cão e cachorro), embora isso de cães e cachorros seja assunto para outra crônica.

Pois bem. Muitos idosos, a maioria com camisetas amarelas e dizeres alusivos à participação nas conquistas de Marabá, os quais demonstraram muita alegria no decorrer da sessão, em face da manifestação dos vereadores que assomaram à tribuna. A despeito de não os conhecer, vi, emocionado, a ilustre vereadora Júlia Rosa citar da tribuna, com especial carinho e muita nostalgia, dona Nazinha e seu Juvenal, moradores da Marabá Pioneira no passado já um pouco remoto.

Na Marabá Pioneira – que, para mim, será sempre somente Marabá –, dona Nazinha era costureira e seu Juvenal consertava geladeiras, geladeiras a querosene de então, registre-se de passagem. Puxa vida! Saudosista e nostálgico sempre, tive, sinceramente, vontade de chorar por causa da saudade imensa devida à ausência sempre doída do meu pai e da minha mãe.

 Meu pai, seu João Belizário de Souza – como registrei há alguns anos na crônica “Ab imo pectore, meu pai”, já é falecido e minha mãe – viva, mas muito alquebrada – mora com minha irmã caçula Ednalva e meu cunhado Zeca, aqui em Marabá, mas a rotina do dia a dia me faz ficar, quase sempre, distante, ausente. Demais disso, minha mãe nos deixa tristes porque resiste, no mais profundo significado da palavra, a coisas como ir ao médico ou mesmo sair de casa para qualquer outro assunto.

Saí de casa meio triste, porque, por causa dos compromissos daqui, foi-me impossível comparecer a Novo Repartimento, onde, à noite, palestraria como membro da Equipe Mundial (World Team) da Herbalife, mas a sessão da Câmara me fez ficar alegre. Iniciativas como essa e outras semelhantes me dão orgulho de ser servidor da Câmara Municipal de Marabá, a despeito de muitas coisas e situações que me desagradam profundamente. Parabéns a todos os amados velhinhos de Marabá e do Brasil, pelo Dia Nacional do Idoso!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A leitora Andrea, de Campinas

“A vida é muito curta, para ser estragada com sofrimentos desnecessários.” “O ser humano, homem ou mulher, é do tamanho dos seus sonhos.” Essas duas frases – no rigor da gramática, esses dois períodos gramaticais – que nada têm de excepcionalidade, originalidade ou coisa parecida, são minhas. A primeira eu cunhei um dia desses, em comunicação instantânea, no Messenger (MSN), com a leitora e amiga virtual Andrea Ferreira Pinheiro Carvalho, residente em Campinas, Estado de São Paulo. Andrea lê pela rede mundial de computadores o que publico em meus blogues e no Correio do Tocantins.

 A segunda frase eu empreguei, dia 26 de agosto de 2011, quando falava ao microfone em um Sistema de Treinamento de Sucesso (STS), da Herbalife. Dias antes (17 de agosto, para ser exato) já a empregara, na crônica “Meu estro”, quando a escrevi assim: “O homem é do tamanho dos seus sonhos.” Claro que o substantivo homem foi aí empregado com generalidade, a representar a espécie, mas, depois, ao falar de público no STS, resolvi adaptar a frase ao modismo da vez, do qual discordo. Às vezes, faço concessões, desde que não veja agredidos os meus princípios. Se bem que essa frase ficou melhor mesmo, após a mudança. Não concordo, contudo, com coisas do tipo “a todos e a todas”, tão em moda nos discursos atuais.

Miguel Reale, nosso jusfilósofo maior, pai da teoria tridimensional do Direito, também fez concessão semelhante, para atender a tais ventos de modernidade, ao redigir o atual Código Civil (Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002). O art. 2.º do Código Civil de 1916 (Lei n.º 3.071, de 1.º de janeiro de 1916) tinha a seguinte redação: “Todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil.” Reale a pôs no art. 1.º e demais disso, trocando homem por pessoa e obrigações por deveres, a redigiu assim: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” Dá na mesma, seis por meia dúzia. Mas, tudo bem, não agride aos princípios gramaticais a que defendo.

Embora respeite o direito que têm de empregá-la os que a empregam, não posso dizer o mesmo em relação à expressão “a todos e a todas”, porque vai ao arrepio da gramática e porque é dita ou escrita, ora por mero preconceito descabido, ora por mero trejeito psitacista de quem o faz. Não tem sentido fazê-lo, não há necessidade desse todas, pois o pronome todos aí, no plural, pode e deve ser empregado para, corretamente, designar um grupo ou plateia de homens e mulheres. Logo, não concordo com a outra construção, embora saiba que há quem a defenda com unhas quebradiças e dentes obturáveis, pois a vejo, no mínimo, como preconceito tolo (sem querer ofender a quem quer que seja, mas, com efeito, já ofendendo involuntariamente).

Vamos e convenhamos. Alguém há de convir comigo que o “bom dia a todos e todas!” ou coisa similar é demais. Mas o meu objetivo maior com a crônica de hoje é homenagear minha amiga e leitora Andrea, lá de Campinas, uma vez que fiquei feliz ao perceber que ela adotou a minha frase para personalizar o nome de exibição de seu MSN. Está lá a minha frase! Aliás, ela também, ao comentar a crônica “Meu estro”, deixou-me lisonjeado quando me disse no MSN: “O homem é do tamanho de seus sonhos. E você é um grande homem!”

Grande homem que nada! Esse elogio é fruto da bondade franciscana da tão amável leitora, claro. Mas, sem embargo dessa convicção, fiquei muito feliz, razão pela qual a homenageio com o registro em crônica, ato este que será perenizado com a publicação desta crônica em livro. Andrea, muito obrigado! Você sabe que mora no meu coração. Meus leitores e meus amigos, ao lado da minha família, são o meu maior e mais valioso patrimônio.       

domingo, 4 de setembro de 2011

A Herbalife e a Globesidade

Ainda existem muita desinformação e preconceitos em relação à Herbalife e seus produtos. A ideia de muitos sobre o distribuidor de produtos da Herbalife ainda é a do indivíduo maçante que vive correndo atrás de pessoas obesas. Isso tudo, no entanto, não condiz com a realidade e, por conseguinte, precisa mudar – sem exagero o digo – para o bem da humanidade. A Herbalife surgiu há 31 anos nos Estados Unidos da América e hoje está em 77 países (no Brasil há dezesseis anos e mais recente de tudo no Líbano). Estamos apenas começando, é verdade. Mas é um começo e tanto!

A Herbalife Internacional, por intermédio do Sistema Herbalife de Marabá, promoveu, de 2 a 4 de setembro de 2011, no Auditório “Eduardo Bezerra”, da Secretaria Municipal de Saúde, a Escola Para Supervisores Marabá, evento que – como já faz ver pelo nome – teve como público-alvo os distribuidores independentes da companhia. Não foi, todavia, um evento inteiramente fechado. A palestra de abertura, dia 2, foi aberta ao público externo convidado.

O tema da palestra de abertura, com início às 20 horas, foi “Estilo de Vida Saudável – Desafios da Nutrição no Século XXI – Epidemia da Obesidade”, brilhantemente desenvolvido pelo Dr. Nataniel Viuniski, médico nutrólogo e pediatra, professor de Medicina, membro do Conselho Para Assuntos Nutricionais da Herbalife Internacional e escritor (autor do livro Obesidade Infantil: um guia prático para profissionais da saúde, publicado pela Editora de Publicações Biomédicas, do Rio de Janeiro, já em segunda edição).

Dr. Nataniel, palestrante também do dia 3, mostrou que a humanidade corre a passos largos para uma pandemia ou epidemia mundial de obesidade, já chamada de globesidade pela comunidade médica especializada. Mas, para nossa felicidade, ele não fez somente isso: demonstrou também – com a habilidade e a competência científica que lhe são peculiares – que os produtos nutricionais da Herbalife são, com inteira segurança, a melhor solução para o problema, e, por fim, convocou a todos nós, distribuidores independentes dos produtos Herbalife, para o desempenho desta importante e grandiosa missão ao longo dos próximos anos: impedir, se nos derem ouvido, que milhões de pessoas do mundo inteiro pereçam como vítimas da globesidade.

Especialista da área, em que atua há cerca de três décadas, ele havia pedido aos organizadores do evento que convidássemos o maior número possível de membros da comunidade médica. E isso foi feito, conquanto talvez nem um médico sequer tenha comparecido. Eu, por exemplo, sou supervisor e convidei quatro médicos, mas nenhum deles se fez presente. Creio que não puderam (ou não quiseram) atender ao nosso chamamento, o que, em qualquer das hipóteses, foi uma pena.

Não sou nenhum alienado: sou intelectual e tenho convicção disso, por mais que alguém possa pensar diferentemente. E, exatamente por isso, palestras iguais às do Dr. Nataniel Viuniski e à do Dr. David Menezes, a que assisti recentemente em São Luís, Maranhão, me deixam feliz e muito seguro como distribuidor independente dos produtos Herbalife, pois constituem prova contundente de que a Herbalife tem como responsável técnico pelos produtos que nós usamos e comercializamos um conselho científico de renome internacional, inclusivamente com membro ganhador do prêmio Nobel de Medicina.

A ignorância sobre a Herbalife e, por conseguinte, os preconceitos contra seus produtos haverão de cair por terra, dia após dia. O mundo precisa e há de saber que distribuidor da Herbalife não é um indivíduo chato que vive a importunar pessoas obesas: é, antes de tudo, um agente do bem, com a missão de promover a saúde e o bem-estar das pessoas, obesas ou não, e ainda, aliado a tudo isso, distribuir muita riqueza.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Meu estro

Distribuidores independentes – por enquanto, na categoria supervisor –, eu e a Câmelha, minha mulher, somos membros da Herbalife International e, nesta condição, viajamos para São Luís, Maranhão, onde participamos do São Luís Meeting 2011, evento que reuniu mais de 1.200 pessoas de várias partes do Brasil, de 4 a 7 de agosto de 2011. Supermeeting é um superencontro de supervisores e outras categorias de distribuidores independentes dos produtos Herbalife (a matriz da empresa é norte-americana e, por isso, usamos muitas palavras e expressões em Inglês, razão por que vale a pena aperfeiçoar os conhecimentos desse idioma).

Havia à venda, como é natural, muitos produtos alusivos ao evento (canetas, chaveiros, camisetas, recipientes diversos, livros e vários outros produtos). Comprei alguns deles, inclusivamente canetas, mas o que comprei primeiramente foram quatro livros. Já terminei de ler o primeiro (A Viagem ao Sucesso, de Pedro Cardoso, Editora Gente) e, como não raro gosto de fazer, estou lendo dois outros ao mesmo tempo (O Básico, de Don Failla, e O Rinoceronte, de Scott Alexander), curiosa ou estranhamente, os dois últimos não têm indicação da editora.

Também estou lendo Antologia Literária Cidade, volume VII, em que reli com especial carinho, as crônicas “Cheiro de Café”, “Escritor, por quê?” e “Honorato, mestre”, de autoria de Abilio Pacheco, que tinha lido antes, quando ele as publicou no blogue. Poeta, contista, ensaísta e cronista, Abilio – também organizador da antologia e professor universitário de Literatura – é meu conhecido desde os tempos da faculdade, quando eu cursava Direito e ele cursava Letras, na Universidade Federal do Pará – Campus de Marabá. E, já faz alguns anos, tornou-se meu amigo, além de irmão do ideal literário. Tenho convicção da sua amizade sincera e dela muito me orgulho.

Pois bem. Sempre gostei muito de comprar livros, revistas e jornais e de lê-los, obviamente: leio com avidez. Tenho, contudo, muitas vezes me indagado seriamente se não estou errado ao cultivar esse apego quase exagerado aos livros, o que suponho acontecer com outras pessoas do mesmo hábito. Fiquei muito feliz, todavia, com o que Abilio Pacheco e Pedro Cardoso dizem sobre o assunto, pois, mais uma vez, concluí que não estou errado e, por isso, vou continuar lendo muito, amando os bons livros, os dicionários e até as bulas de remédio.

Abilio, na crônica “Escritor, por quê?”, diz, a certa altura: “Poderia acrescentar ainda que minhas escolhas entre a compra de um objeto utilitário (um tênis, um relógio ou uma camisa) e a compra de um livro, muitas vezes me levaram a escolher o livro.”  Pedro, no capítulo final de A Viagem ao Sucesso, diz que “a sorte nada mais é que o encontro do preparo com a oportunidade”. E, mais à frente, arremata enfaticamente: “Você costuma ler jornal, revista, se informar? Você estuda? Você está preparado para ser bem-sucedido? Se uma oportunidade bater à sua porta hoje, oferecendo-lhe participação em um negócio milionário, você estará preparado para aproveitar essa chance?”

Eis aí o meu estro. O homem é do tamanho dos seus sonhos. Vale a pena porque faz a diferença – acreditar realmente nisso. E eu acredito!  Você acredita, leitor? Não duvide, não! A vida é curta demais para ser gasta com dúvidas inúteis, falta de sonhos e de objetivos. Sonhe alto; não confunda sonho com realidade e, enquanto houver tempo, lute por concretizar seus sonhos.