“A vida é muito curta, para ser estragada com sofrimentos desnecessários.” “O ser humano, homem ou mulher, é do tamanho dos seus sonhos.” Essas duas frases – no rigor da gramática, esses dois períodos gramaticais – que nada têm de excepcionalidade, originalidade ou coisa parecida, são minhas. A primeira eu cunhei um dia desses, em comunicação instantânea, no Messenger (MSN), com a leitora e amiga virtual Andrea Ferreira Pinheiro Carvalho, residente em Campinas, Estado de São Paulo. Andrea lê pela rede mundial de computadores o que publico em meus blogues e no Correio do Tocantins.
A segunda frase eu empreguei, dia 26 de agosto de 2011, quando falava ao microfone em um Sistema de Treinamento de Sucesso (STS), da Herbalife. Dias antes (17 de agosto, para ser exato) já a empregara, na crônica “Meu estro”, quando a escrevi assim: “O homem é do tamanho dos seus sonhos.” Claro que o substantivo homem foi aí empregado com generalidade, a representar a espécie, mas, depois, ao falar de público no STS, resolvi adaptar a frase ao modismo da vez, do qual discordo. Às vezes, faço concessões, desde que não veja agredidos os meus princípios. Se bem que essa frase ficou melhor mesmo, após a mudança. Não concordo, contudo, com coisas do tipo “a todos e a todas”, tão em moda nos discursos atuais.
Miguel Reale, nosso jusfilósofo maior, pai da teoria tridimensional do Direito, também fez concessão semelhante, para atender a tais ventos de modernidade, ao redigir o atual Código Civil (Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002). O art. 2.º do Código Civil de 1916 (Lei n.º 3.071, de 1.º de janeiro de 1916) tinha a seguinte redação: “Todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil.” Reale a pôs no art. 1.º e demais disso, trocando homem por pessoa e obrigações por deveres, a redigiu assim: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” Dá na mesma, seis por meia dúzia. Mas, tudo bem, não agride aos princípios gramaticais a que defendo.
Embora respeite o direito que têm de empregá-la os que a empregam, não posso dizer o mesmo em relação à expressão “a todos e a todas”, porque vai ao arrepio da gramática e porque é dita ou escrita, ora por mero preconceito descabido, ora por mero trejeito psitacista de quem o faz. Não tem sentido fazê-lo, não há necessidade desse todas, pois o pronome todos aí, no plural, pode e deve ser empregado para, corretamente, designar um grupo ou plateia de homens e mulheres. Logo, não concordo com a outra construção, embora saiba que há quem a defenda com unhas quebradiças e dentes obturáveis, pois a vejo, no mínimo, como preconceito tolo (sem querer ofender a quem quer que seja, mas, com efeito, já ofendendo involuntariamente).
Vamos e convenhamos. Alguém há de convir comigo que o “bom dia a todos e todas!” ou coisa similar é demais. Mas o meu objetivo maior com a crônica de hoje é homenagear minha amiga e leitora Andrea, lá de Campinas, uma vez que fiquei feliz ao perceber que ela adotou a minha frase para personalizar o nome de exibição de seu MSN. Está lá a minha frase! Aliás, ela também, ao comentar a crônica “Meu estro”, deixou-me lisonjeado quando me disse no MSN: “O homem é do tamanho de seus sonhos. E você é um grande homem!”
Grande homem que nada! Esse elogio é fruto da bondade franciscana da tão amável leitora, claro. Mas, sem embargo dessa convicção, fiquei muito feliz, razão pela qual a homenageio com o registro em crônica, ato este que será perenizado com a publicação desta crônica em livro. Andrea, muito obrigado! Você sabe que mora no meu coração. Meus leitores e meus amigos, ao lado da minha família, são o meu maior e mais valioso patrimônio.
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