Desperto pela chuva, às 4h20. Levanto-me, apressadamente, para soltar os cães Aquiles e Sansão, os quais, ao relento, estão amarrados no terraço. O Sansão, cão de raça, é caladão: pode chover rios e mais rios que ele nem grunhe. Já o Aquiles, quase totalmente vira-lata, é chorão: fica grunhindo e latindo fino, chorando.
Apaixonado como sempre pela madrugada, decido não voltar a deitar-me e vou coar café, minha bebida preferida a despeito de proibida pelo cardiologista por causa da miocardiopatia. Termino de coar o café à luz de velas, porque a energia se foi e me deixou (por sinal, muito aborrecido) no escuro.
Há goteiras no telhado que, em alguns cômodos da casa, fazem escorrer água pelo forro recém-concluído, principalmente na biblioteca, onde, para meu momentâneo desespero, há livros, revistas e jornais espalhados pelo piso, dentro e fora de caixas de papelão. A capacidade das estantes existentes, há muito, está esgotada e ainda não providenciei outras.
A Câmelha e as crianças estão dormindo. Sozinho, portanto, à luz de velas e de uma laterninha fajuta, vou, muito zangado com a concessionária de energia elétrica, em socorro do meu acervo. Tira livro daqui, põe livro ali e acolá; empilha livros aqui, põe caixa ali, e assim vai. Pego do rodo e começo a enxugar a sala quando a energia, depois de quase uma hora ou mais, resolve voltar.
Concluída a tarefa na biblioteca, é quase dia e a chuva continua a cair, copiosa e gostosamente, como que a me convidar para aquele banho pluvial, como nos tempos idos da minha infância e adolescência. Tiro a roupa e caio na chuva, aí permanecendo por cerca de quase uma hora, tempo que aproveito para, com o rodo, lavar muito bem lavados o terraço e o hall da cozinha.
De hall, pensando em Inglês, pulo para Halloween e daí para All Hallows’ Day ou All Saints’ Day, que é o 1.º de novembro. Esse dia, para mim, é apenas a data de nascimento do meu pai, mas, para os cristãos de confissão católica apostólica romana, é o Dia de Todos os Santos. Isso, contudo, não se discute, cada um com sua fé ou até sem ela.
Finalmente amanhece. Saindo da chuva, vou ao banheiro, concluir o banho, com sabonete e xampu, pensando em escrever esta crônica. Terminado o banho, tomo mais um cafezinho e sento-me ao computador, para escrever. Foi assim que amanheci o 2 de novembro de 2011, um dia de madrugada e manhã chuvosas.
Terminada a crônica, vou tomar meu shake e os remédios para o coração (digoxina, carvedilol, losartana potássica, ômega-3 e furosemida associada a cloridrato de amilorida). É a minha sopinha matutina de medicamentos. Logo após o almoço, haverá mais. E à noite, também.
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