domingo, 17 de fevereiro de 2013

Marabá centenária


“Favante Deo ad astra vehimur”, com a ajuda de Deus, chegaremos ao céu (literalmente, “aos astros”). Eis aí o lema que um dia, muito esperançosos, deram a Marabá os antepassados. Está lá, escrito no brasão, a dizer da pujança e vocação da cidade para o progresso. É, de fato, o que demonstra: cresce dia a dia, esteja ou não esteja sendo bem administrada.
 
É cidade poética, bem já diz o seu nome. Eu insisto nisso. E poética pelo nome e pela arte de seus filhos Frederico Morbach,  Aziz Mutran Filho, Ademir Braz e tantos outros, os quais, com justiça, um dia haverão de ser reconhecidos na medida de seu valor. Ainda não foram, mas sua poesia não haverá de ficar em vão! Eu, contudo, temo pela demora. Como não? Aziz e Frederico, por exemplo, já nos deixaram, há muito se foram. O reconhecimento póstumo, conquanto tenha lá o seu valor, nem se compara com o reconhecimento ântumo, em vida. Qual o proveito das flores postas somente sobre o caixão? Têm mais valor as que são dadas em vida!
 
Marabá cheia de mimos naturais, com a beleza própria de cidade entre rios, mesopotâmia dos castanhais, ouro e diamante, que, contudo, não mais existem. Que é de suas castanheiras, da “Bertholletia excelsa”, árvore-símbolo de seu brasão? Que é de? Quede? Cadê?... Ah, de fato, já se foram. Ciclos econômicos, passaram-se os seus ciclos. E deles o que ficou? A história deles não será, por acaso, mais que tudo de ganância e exploração desordenada?
 
É somente isso? Que mais?... Ah, são dores como de parturiente primípara, sofrimentos, exploração do homem pelo homem, mazelas sociais, miséria, desamor, violência, desesperança. Não são somente flores e poesia, não. Claro, por que não o dizer? É por amor a ela que o digo, porque me incomoda, assusta, comove. E locomove.
 
Quisera eu poder dizer somente das suas belezas naturais e da bondade da nossa gente, mas não posso. Quisera eu não ter do que reclamar, mas tenho: não há negar! A melhor atitude diante de qualquer problema é reconhecer que ele existe. Pode ser trivial, mas eu o quero dizer. Enfermo que não toma os remédios não se cura. Já diz a Bíblia: “Não tentarás o Senhor teu Deus” (Mt 4.4).
 
É preciso mudar, mas, que nada: protestar, cobrar, denunciar, tudo cairá no vazio. Não, cai, não. Talvez, não! Existe justiça, ainda existe juiz justo. Malgrado a experiência a respeito disso em nada seja encorajadora, existem autoridades, comprometidas com o bem comum. É necessário acreditar que sim, embora os fatos teimosamente queiram demonstrar o contrário.
 
Agora, Marabá faz cem anos de emancipação político-administrativa. E aí, que dizer a ela? Cem anos não são cem dias nem cem meses. Puxa vida, é muito tempo! E agora?... Sei lá! Não tenho palavras, somente emoção. Parabéns, Marabá! Segue o teu caminho, porque nasceste para brilhar e ser grande, poderosa. Acredita, apesar de tudo, na tua história! “Favante Deo ad astra vehimur.”

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Estado patológico


A febre, que aquece,
Aquece indesejadamente. E deixa tonto!
Uma hipertermia patológica, é claro!  

Coisas, sentimentos e estado de doente!
Edema – sem contusão, sem machucado.
Sem motivo aparente, o pé edematoso, inchado. 

Pouco importa. Reumatismo? Artrite?
Sei lá! Não sei se é “ismo”, ou é “ite”,
Sei que é incômodo, dói. E me aborrece! 

Adiantaria, se soubesse?
Quem tem que saber é o médico
Mais agulhadas, tirar sangue. Tomar A.A.S. 

E o trabalho? Ah, o meu serviço!...
É necessário. Importante, claro!
Mas, que espere! Notaram, por acaso, meu sumiço?