sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Quem te viu, quem te vê, Rodrigo Janot!


Belisco-me, não por autoflagelamento ou coisa parecida, mas para saber se, de fato, estou acordado ou se, diferentemente, estou dormindo e sob o efeito de um dos mais terríveis pesadelos. E vejo que não se trata de pesadelo, mas, sim, de pura realidade. Estou acordado. Sim, estou acordado: não é pesadelo. É real o que vejo. Nada de ilusões ou perturbações oníricas.

Estou, de fato, acordado e lendo na revista eletrônica Consultor Jurídico a notícia de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, hoje, sexta-feira, 27 de setembro de 2019, determinou à Polícia Federal a busca e apreensão nos endereços residencial e profissional de Rodrigo Janot Monteiro de Barros, a fim de apreender armas, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, assim como quaisquer outros materiais relacionados aos fatos antes descritos na decisão.

Isso e somente isso já seria inimaginável até um dia desses, mas não foi só isso que o ministro decidiu. Alexandre de Moraes também decidiu, cautelarmente, suspender o porte de arma de Rodrigo Janot, proibi-lo de se aproximar a menos de duzentos metros de qualquer um dos ministros do Supremo Tribunal Federal, bem como de ter acesso ao prédio-sede e aos anexos da Corte. Caramba! Isso não parece realidade, parece um sonho (ou pesadelo)! Fui conferir. Li a decisão do ministro. E é isso mesmo, sem tirar nem pôr. Estou acordado. Não estou sonhando, mas estou abismado.

O ministro Alexandre de Moraes determinou e, como não poderia deixar de ser, a Polícia Federal foi lá, nos endereços de Rodrigo Janot, e cumpriu o mandado judicial. Diz a revista Consultor Jurídico que a Polícia Federal apreendeu uma pistola, três pentes, celular e o tablet de Janot, o valentão (claro que o valentão fui eu que acrescentei).

Estou acordado, não estou sonhando nem tendo pesadelo, mas estou estupefato. Eu vivi para ver isso e, querendo Deus, viverei para ver mais, ou seja, para assistir à total derrocada e inteira responsabilização de pessoas que, de 2016 para cá, têm se julgado acima do bem e do mal, coisificado e desumanizado suas vítimas, em nome do Estado, assassinado reputações e rido da miséria alheia, relativizando e ridicularizando inclusivamente a morte dos parentes do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em nome de um falso combate à corrupção.

Rodrigo Janot, para quem porventura não sabe ou não se lembra, é o ex-todo-poderoso procurador-geral da República idealizador e criador da famigerada força-tarefa do Ministério Público Federal que ficaria conhecida como Operação Lava Jato (na realidade, a grafia correta seria Operação Lava a Jato). O povo da Operação Lava Jato, sob a batuta ilegítima do então juiz federal Sérgio Fernando Moro, fez miséria. E, ninguém se esqueça, Rodrigo Janot era o seu chefe e maior sustentador, como procurador-geral da República.

Alguém deve estar perguntando qual o motivo, então, para essa inimaginável decisão do ministro Alexandre de Moraes contra o ex-procurador-geral da República. Inacreditável, não é? Pois bem. Rodrigo Janot confessou em entrevista à imprensa, na data de ontem, que, armado, foi às dependências do Supremo Tribunal Federal com o intuito de assassinar o ministro Gilmar Ferreira Mendes. Matá-lo-ia com um tiro na cara e depois se suicidaria. Por quê? Porque o ministro Gilmar Mendes ousava desafiar, em defesa da Constituição e do próprio Estado democrático de direito, as leviandades, atentados e absurdos cometidos, em nome do Estado, por alguns membros do Ministério Público. Elementar. Isso e somente isso.

Como se vê, ainda bem que o Supremo Tribunal Federal acordou a tempo de sua condenável letargia e deixou, pelo visto, de se fingir de morto. A decisão de hoje do ministro Alexandre de Moraes demonstra isso. É, pois, o começo do fim. Ponham as barbichas de molho, ó Sérgio Fernando Moro, Deltan Martinazzo Dallagnol et caterva! Esperem só mais um pouco. Não vai demorar e a hora de vocês também chegará.

“Eles semeiam ventos, e colhem tormentas” (Oseias, 8.7). “Quem semeia vento colhe tempestade; quem semeia o mal recebe maldade e perde todo o poder que possuía” (Provérbios 22.8, Bíblia Viva). É bíblico.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Bolsonaro e suas maléficas invencionices


"Ameaças existem. Muita gente não tem interesse de eu estar sentado naquela cadeira. Não vou entrar em detalhes. Estamos conseguindo governar o Brasil", teria dito ao jornal O Estado de S. Paulo Jair Bolsonaro, presidente da República, segundo foi publicado hoje, 30 de maio de 2019, às 7h55, pelo BOL Notícias. Teria ele dito mais que “um fantasma paira sobre o governo". Eu, todavia, penso que, em relação a terceiros, ou seja, a ameaças externas, isso é mais uma maldosa e mal-intencionada mentira plantada. É mais uma invencionice irresponsável de Jair Bolsonaro, tentando se fazer de vítima e assim obter apoio popular para planos antidemocráticos, medidas nebulosas e coisas que o valham.

Pois bem. Li a notícia e, naturalmente, não consegui conter o desejo de comentá-la, expressando a minha indignação. E a comentei, escrevendo assim: “Idiota. A natural e maior ameaça ao (des)governo dele são ele próprio e os filhos dele, corroborados pelos ministros que ele livremente escolhe e nomeia.” Quanta indignidade! Quanta irresponsabilidade! Não podemos nem devemos ficar calados diante de tais sandices, tão graves e tão perigosas para a democracia e para o Brasil com o um todo.

Todos sabem que há no país um grupo deletério, capitaneado sabe-se bem por quem, especializado em plantar boatos altamente maléficos para a honra alheia e, mais do que isso, para a democracia, boatos e aleivosias totalmente incompatíveis com o Estado democrático de direito. Todos sabem, a diferença é tão somente o modo de reagir diante dessa realidade terrível: uns são coniventes e aplaudem, outros são contra e se calam, outros são contra e denunciam. Urge que a nação acorde e se posicione responsavelmente sobre tudo isso!

O presidente da República Jair Messias Bolsonaro – que de Messias, na verdadeira acepção da palavra, nada tem – foi eleito em cima de mentiras, de aleivosias, de notícias falsas, as famosas fake news. Todos sabem disso. "A mamadeira de piroca ganhou as eleições no Brasil!", bem denunciou, no Festival de Berlim, o ator Wagner Moura. É grave isso, mais do que grave, é gravíssimo. Não a denúncia, evidentemente, mas o fato em si, a eleição ganha pela mamadeira de piroca. É hora de dar um basta em tudo isso, para o bem da democracia e do Estado democrático de direito instaurado em 5 de outubro de 1988 com a promulgação da Constituição da República.

Essas mentiras ardilosas e boatos deletérios têm uma finalidade, que é a de – enganando o povo com a falsa ameaça de existem forças ocultas contra um governo que seria honesto e muito bom, só porque este seria contra a corrupção, contra isso e aquilo mais – tirar a atenção popular das terríveis e de todo maléficas ações perpetradas dia após dia e, ao mesmo tempo, obter apoio popular, fazendo-se de vítima. Têm o intuito de ofuscar os maus desígnios do governo e seus seguidores acríticos. É isso, nada mais.

Não existem ameaças ocultas coisa nenhuma contra esse governo entreguista, defensor do desmantelamento do Estado democrático de direito e vergonhosamente bajulador dos Estados Unidos da América. Ele próprio é a única ameaça, coadjuvado por seus filhos e demais integrantes do meio áulico. Aliás, bom é que se diga, os filhos de Jair Bolsonaro são muito mais do que coadjuvantes nesta história. São eles, em pé de igualdade com o pai ou até mesmo com mais intensidade que ele, a verdadeira ameaça ao governo e – o que é muito pior – à democracia.

Vejo com muita tristeza a apatia do Congresso Nacional, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil, do próprio Poder Judiciário e das demais instituições responsáveis pelo combate a este estado de coisas diante da plantação irresponsável de boatos, aleivosias e mentiras perigosas que infelizmente grassa no Brasil a partir das eleições de 2018. Faço aqui minha diatribe, não como crítica injuriosa, mas como crítica amarga e áspera. É preciso dar cobro a tudo isso, dentro da legalidade e com todas as garantias constitucionais, enquanto há tempo.