terça-feira, 8 de março de 2011

Um ano a mais de vida



Domingo, 6 de março de 2011, mais de 22 horas, quase 23. Estou em casa, na minha sala de estudos, e resolvi escrever algo para registrar que hoje completo 51 anos de vida, um ano a mais do que meio século, embora não tenha festejado. Sorrindo, discretamente para mim mesmo, indago-me, íntima e silenciosamente, se ainda viverei, ao menos, mais 51 anos. A resposta - também íntima e silenciosa - é que não sei; ninguém na terra sabe, é claro, mas, tudo bem. Tudo bem?... Tudo bem que nada! Confesso que envelhecer me incomoda e me assusta. Não é que seja mal agradecido, é que acho a vida muito curta.

Curta ou longa a vida, cada dia vivido é um dia a mais perto da morte. Isso é quase verdade. Sim, quase, pois, segundo a Bíblia, nem todos morrerão fisicamente, mas todos seremos transformados (1 Coríntios 15.51). Isso, todavia, é outra história, até porque existem os que não creem na Bíblia (nem no Alcorão e tampouco em livro de religião alguma). Brinco, porque gosto de brincar com isso, mas é verdade, claro. Cada um com suas crenças ou descrenças, já não me preocupo com isso.

Nem todos gostam de pensar nisso, nessa história de morte, de fim da vida ou coisas que o valham. Também não gosto, mas sou realista: a vida passa para cada um de nós. É necessário atentar racionalmente para essa realidade, gostando ou não gostando, tendo medo da morte ou não tendo. Aliás, sobre os dias da nossa vida a Bíblia, Salmos 90.10, diz mesmo que “tudo passa rapidamente, e nós voamos”. Em outra versão, A Bíblia na Linguagem de Hoje, diz: “A vida passa logo, e nós desaparecemos.” É isso, é a lei. Não uma lei do Direito Positivo, mas do Direito Natural. E – como já diziam os romanos – “dura lex, sed lex” (a lei é dura, mas é lei). Agora, se essa lei deveras me incomoda? Sim. Claro, incomoda sobremaneira e não somente a mim, sim senhor. Com efeito, só não se incomoda com isso quem não bate bem da bola. O cessar da vida, embora sempre muito presente, é um mistério.

Tudo isso me fez lembrar Rubem Alves, escritor a quem muito admiro. Ele inicia a crônica “Memórias da infância” dizendo: “Pena que a vida seja tão curta!” Rubem Alves – que é cronista, ensaísta, filósofo e teólogo – também se preocupa com a pouca duração da vida física. Outro exemplo disso são estas palavras dele escritas na crônica “Se eu tiver apenas um ano a mais de vida...”: “Não poderei escutar todas as músicas que desejo, não poderei ler todos os livros que desejo, não poderei abraçar todas as pessoas que desejo.”

Pois bem. Hoje, embora sem medo, pensei sobre a morte, o fim da existência física de cada de um sobre a terra. Lembrei-me do meu pai, João Belizário, e do meu irmão Raimundo, ambos já falecidos e hoje apenas lembrados. Já não estão presentes entre nós, como estiveram. Lembrei-me também da minha mãe, Antônia Monteiro, e dos meus irmãos vivos, bem como de meus amigos, vivos e falecidos. Senti muita saudade, pois sou mesmo – sempre fui – um poço de saudades!

Foi, todavia, um dia alegre: abraços da família, mensagem especial do meu filho Douglas, mensagens de amigos (alguns apenas virtuais) no Orkut, mensagens por e-mail e, às 23h25, um agradabilíssimo telefonema do Rev. Hideraldo Cordeiro de Melo, pastor presbiteriano, lá de Macapá, Estado do Amapá, que durou 14 minutos e 37 segundos, e deu para matar um pouco da saudade daquele irmão e amigo.

Ah!... À tarde, em companhia da Câmelha e do Samuel, fui a Marabá, visitar os amigos e irmãos em Cristo Lúcio Virgínio e Joaninha Batista, com quem almoçamos. E, é lógico, também fiz aquele agradável passeio pela Praça Duque de Caxias e pela orla do Rio Tocantins, Orla Sebastião Miranda.

Foi assim (simples, sem festa, mas alegre e reflexiva) a comemoração dos meus 51 anos de vida. Toda a honra e toda a glória ao Grande Arquiteto do Universo, que é Deus. E a minha profunda gratidão, conquanto tão imperfeita, porque, como homem, tão imperfeito sou!

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