quarta-feira, 30 de março de 2011

De pé por causa da palavra



“De pé por causa da palavra” é a última frase da crônica “A vitória acadêmica”, do imortal da Academia Brasileira de Letras Carlos Nejar, publicada na página da academia, na rede mundial de computadores (www.academia.org.br). Vendo-a cheia de significados, a escolhi para título da minha crônica de hoje. Não foi somente isso, aliás. Da mesma crônica, em que Nejar fala de sua eleição para a academia, para suceder o imortal Vianna Moog, e relembra a leitura de uma crônica do também imortal Josué Montello, retirei ainda esta outra frase: “Minha vitória eu devo ao Deus vivo, que lutou por mim, e à poesia que jamais me abandonou.” Belíssima confissão de fé em Deus e de amor à poesia!

Decidi-me, pois, a escrever algo. Sim, algo. Um pequeno texto que fosse, nem que fosse apenas para dizer que, por ter assuntos demais, não pensara em escrever sobre coisa alguma. E assim o fiz. Aqui está minha crônica de hoje, sem pé nem cabeça, e, por isso, certamente insípida, insossa, insipiente, embora não incipiente. Para quem está achando difícil e não quer dar um belo e gostoso passeio pelo dicionário, uma cronicazinha sem gosto e sem graça. Mas é uma crônica! Com ou sem graça, é uma crônica, sim. E isso me basta por hoje.

Amo a poesia, tanto em prosa quanto em verso, embora não seja poeta. Tenho até uns poucos poemas publicados em livros de coletâneas, mas poemetos, poeminhas, poemazinhos, insignificâncias literárias. Mas, mesmo assim, não sendo poeta, um dia desses, a bondoso convite da Elizabete Ribeiro, repórter de uma tevê local – bonita e muito meiga, a Beth é um amor de pessoa – até declamei (aliás, declamei, não: li, talvez até feiamente) o meu poema “Mulher”, escrito em 2009 ou 2010, não sei. Foi no dia em que a Câmara Municipal de Marabá, mesmo um pouco atrasada por motivos alheios à vontade de todos nós, realizou a sessão solene deste ano, de comemoração do Dia Internacional da Mulher. Nem vi como ficou, porque não assisti ao programa em que foi exibido, mas vi umas três ou mais pessoas comentando.

Não sendo o poeta que quisera ser, escrevo crônicas, essas insignificâncias literárias que – gostem uns, outros, não – publico nos meus blogues e, às vezes, em jornais e revistas. Tenho, contudo, colegas poetas (Ronaldo Giusti, Ademir Braz e Abilio Pacheco, para citar apenas três, aqui de Marabá). Aliás, falando em crônicas, um dia desses, Abilio Pacheco – mestre em Literatura pela Universidade Federal do Pará, poeta, contista, ensaísta e professor universitário de Literatura – escreveu algo que me deixou lisonjeado. Ele escreveu a meu respeito o seguinte: “Li tantas crônicas de renomados como Drummond e Machado, mas aprendi umas coisas sobre crônica com este cronista de Marabá e com o Raimundo Sodré, de Barcarena.” Caramba! Bondade do amigo, com certeza, mas ganhei o dia!

É isso! Eis a minha crônica de hoje sobre qualquer coisa ou, se o leitor assim preferir, sobre coisa nenhuma. “De pé por causa da palavra”, com Carlos Nejar. Tão somente por causa da palavra. Como disse Jacques Derrida, citado por Juremir Machado da Silva: “Um texto só é um texto se ele oculta ao primeiro olhar, ao primeiro encontro, a lei de sua composição e a regra do seu jogo.”   

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