sexta-feira, 18 de março de 2011

Marabá, somente Marabá


 

Está bem, eu me rendo. Aliás, estou quase a me render. Render-me-ei às ordens do costume que se arraigou entre nós todos (marabaenses e não marabaenses), embora não concordando, passarei a dizer e a escrever uma coisa pela outra, como querem (e exigem, impõem mesmo): quando me referir ao querido bairro-cidade, em vez de apenas “Marabá”, sem adjetivações que reputo desnecessárias, direi e escreverei, indiferentemente, “Marabá Pioneira” e “Velha Marabá”, adjetivando. Continuarei, todavia, a discordar silenciosamente, na minha caturrice, talvez solitária e sem sentido.

Um dia desses – 6 de março de 2011, na crônica “Um ano mais de vida”, para ser exato –, referindo-me ao bairro, escrevi, como sempre fazia, apenas “Marabá”. Assim escrevi e assim publiquei nos meus blogues. Aí o estimado amigo e amado irmão de Maçonaria Patrick Roberto, ao publicar no CORREIO DO TOCANTINS, adjetivou e escreveu “Velha Marabá”. Tudo bem. Só não fiquei zangado porque ele, corretamente, assinalou a crase, que, com a adjetivação, seria obrigatório assinalar. Gostei! Se, por cochilo ou esquecimento involuntário, ele não houvesse assinalado a crase, teria errado por mim e, aí, claro, eu teria desgostado. Apaixonado que sou pela Língua Portuguesa, gosto de empregar zelosamente o hífen e os demais sinais diacríticos, comumente chamados de acento. Aliás, como aprecio fazer nos meus escritos e conversas, abro parêntesis a seguir para, despretensiosa e ligeiramente, intercalar uma explicação sobre a crase, fenômeno gramatical que é a pedra no sapato de muita gente.

A crase ou existe, ou não existe, mas, sempre que existir, é de rigor que seja assinalada graficamente. Ninguém a põe nem a tira, apenas e tão somente a assinala. Assim é que quando, sem adjetivação, dizemos ou escrevemos “Vou a Marabá”, não há crase, e, em não havendo, não se pode assinalar graficamente a crase que não existe. Esse “a” aí é preposição exigida pelo verbo antecedente, e, como preposição, não leva acento gráfico. Já quando se diz “Vou à Velha Marabá”, ou “Vou à Marabá Pioneira”, ou, ainda, com qualquer outra palavra ou locução que qualifique o substantivo “Marabá”, haverá crase, por causa do encontro do artigo definido feminino “a” com a preposição “a”, que rege o verbo de movimento “ir”. Esse encontro de letras “a”, que se contraem, é que é a crase, a qual deve rigorosamente ser assinalada graficamente, marcada com o sinal diacrítico a que se chama acento grave, erroneamente confundido com a crase propriamente dita e assim chamado.      

Mas, voltando à questão da adjetivação de Marabá. Ora, onde já se viu? Claro, somente na cabeça dessa gente teimosa. Marabá, como bairro, é apenas Marabá, sem acréscimos inúteis, sem adjetivações desnecessárias do tipo pioneira, velha, ou coisa outra que o valha. Bom, eu penso assim, não sei os outros marabaenses natos, ou bondosamente adotados como eu. Legal!... Está aí, leitor, vamos discutir este assunto! O que você pensa sobre isso? Eu penso, e por isso defendo, que quem necessita de adjetivação são apenas os outros bairros, Marabá não precisa, é somente Marabá mesmo, como dizíamos e escrevíamos faz até bem pouco tempo e, por sinal, ainda consta no itinerário dos coletivos.

Encerro com homenagem expressa aos leitores virtuais e amigos Gérson Pigatto, professor em São Paulo e meu irmão de fé cristã, como membro da Igreja Presbiteriana, e Rafael Porto, acadêmico de Direito em cidade adjacente do Rio de Janeiro e meu irmão de ideal maçônico, os quais gostam muito quando trato de assuntos gramaticais nas minhas cronicazinhas sem gosto e sem graça. Mas, voltando ao assunto, é somente Marabá, ou Marabá Pioneira e Velha Marabá? Para mim, é somente Marabá.  Dize aí, leitor!...






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