Quem estuda Arqueologia é arqueólogo.
Quem estuda Antropologia é antropólogo, quem estuda Geografia é geógrafo. Pois
bem, quem estuda Letras é letrólogo, mas muitos talvez até pensem que não
existe essa palavra e, mais do que isso, a profissão de letrólogo. Existe, sim.
Eu, porém, entendo a dúvida de quem pensa não existir. É porque, até
recentemente, para designar esse profissional, se usava apenas a expressão
licenciado em Letras.
Mudou. A palavra letrólogo está
registrada como substantivo masculino no Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras. E também
com a devida definição na seção Novas Palavras do site da Academia, aba Nossa Língua: “Profissional graduado em
Letras.” E acrescenta-se entre colchetes: “Como a área de atuação é muito
ampla, o letrólogo normalmente adota a designação referente a sua especialidade
ou atividade profissional (linguista, filólogo, gramático, lexicógrafo,
tradutor, crítico literário, etc.).” Estranho não iniciar a enumeração com professor
de português.
Trata-se, com efeito, de lista
exemplificativa. Não há dúvida de que está contemplada na abreviatura etc. (do
latim et cetera) da definição em
apreço a profissão de professor de português. Penso, no entanto, com a devida
vênia, que não foi boa a ideia do redator do verbete. Se fora eu, teria
explicitado entre as demais atividades profissionais citadas a de professor de
português, que ainda é, salvo engano do cronista, a profissão da maioria dos
letrólogos, principalmente quando recém-saídos da graduação.
Por falar em etc., é fato que, embora
muito usada, muitas pessoas não sabem o significado dessa abreviatura. E, menos
ainda, sabem escrevê-la por extenso. Alguns afoitos, inventam coisas do
arco-da-velha, como, por exemplo, dizer que etc. é abreviatura de “este texto
continua”. Engana-se quem o faz. Não é isso. O significado de etc. (sempre com
o ponto, por ser abreviatura), tradução de et
cetera, é “e outras coisas”, “e outros da mesma espécie”, “e o resto”, “e
assim por diante”.
Quanto à escrita por extenso do que está
abreviado, há divergências. Uns dizem que é et
caetera. Outros, que é et coetera.
E outros, ainda, que é et cetera.
Napoleão Mendes de Almeida, no seu Dicionário
de Questões Vernáculas e na sua Gramática
Latina, diz que o correto é et cetera.
E acrescenta: “Não se escreve caetera
nem muito menos coetera.” Napoleão,
nosso latinista maior, foi, por algum tempo, meu professor de português. Sigo,
é claro, a lição do meu mestre, que, aliás, também explica e fundamenta a
pronúncia “éd cétera”. Isso, contudo, é assunto para a crônica de outro dia.