quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Dom José Foralosso


Faleceu, dia 22 de agosto de 2012, o bispo emérito da Diocese de Marabá, Dom José Foralosso, italiano que viveu 32 anos no Brasil, como missionário da Igreja Católica Apostólica Romana. Segundo a imprensa, ficou internado, em estado de coma, mais de dois meses, desde junho, quando rezava a missa e sofreu o acidente vascular cerebral (AVC) que o mataria. E, como bateu a cabeça ao cair do altar, sofreu também o traumatismo craniano que, por certo, agravaria ainda mais a situação, levando-o a óbito.
 
Viveu cerca de doze anos em Marabá, onde chegou em 2000. Conhecia-o bem de perto, pelas muitas vezes em que o vi a participar de cerimônias diversas na Câmara Municipal de Marabá, na condição de bispo diocesano. A Câmara sempre o convidava para sessões solenes e atos como, por exemplo, a inauguração do novo prédio, e ele sempre comparecia, sereno, discreto e muito educado, atendendo ao chamamento do Poder Legislativo.
 
Não sou católico, sou cristão de confissão presbiteriana, membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (já há algum tempo, aliás, perseguido e execrado pela igreja, porque sou maçom), mas eu o estimava. Cumprimentava-o na rua, no banco (nos encontrávamos com certa frequência no Banco do Brasil, agência da Marabá Pioneira) e até conversei com ele algumas vezes. Era um homem humilde e acolhedor, que não fazia acepção de pessoas, via-se isso nele.
 
A despeito da sua simplicidade, Dom José Foralosso não era um homem comum. Tinha autoridade eclesiástica, como bispo, e acadêmica, como doutor em Teologia, mas era humilde, muito humilde e falava manso. Conviveu, por isso, harmoniosa e pacificamente com os evangélicos, com os povos de outras confissões, como dá testemunho na edição 2.408 (23 e 24 de agosto de 2012) do jornal Correio do Tocantins, o pastor Sales Batista, presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus.
 
Era um italiano que amava demasiadamente o Brasil e os brasileiros: seus atos, sua vida e suas declarações mais recentes comprovam isso. Dizia-se mesmo já mais brasileiro do que italiano, tanto que, ao pedir aposentadoria antecipadamente, declarou que não voltaria para a Itália, mas para Mato Grosso do Sul, de onde viera para Marabá. Lá gostaria de terminar seus dias e ser enterrado. Não quis, contudo, o destino que se cumprisse essa sua vontade: aqui adoeceu, faleceu e será sepultado.
 
Com o registro desta crônica, quero, na condição de brasileiro e até de cidadão do mundo, esquecidas as diferenças de fé e confissão, solidarizar-me no profundo significado da palavra ao rebanho católico apostólico romano da Diocese de Marabá, no meio do qual tenho inclusivamente grandes amigos, nesta hora de dor e desventura pelo desenlace de seu amado pastor. Eu creio, como cria o apóstolo Paulo, que o disse em carta ao jovem pastor Timóteo: “O Senhor conhece os que lhe pertencem” ( II Tm 2.19). Isso me basta.

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