Faleceu, dia 22 de agosto de
2012, o bispo emérito da Diocese de Marabá, Dom José Foralosso, italiano que
viveu 32 anos no Brasil, como missionário da Igreja Católica Apostólica Romana.
Segundo a imprensa, ficou internado, em estado de coma, mais de dois meses,
desde junho, quando rezava a missa e sofreu o acidente vascular cerebral (AVC)
que o mataria. E, como bateu a cabeça ao cair do altar, sofreu também o
traumatismo craniano que, por certo, agravaria ainda mais a situação, levando-o
a óbito.
Viveu cerca de doze anos em
Marabá, onde chegou em 2000. Conhecia-o bem de perto, pelas muitas vezes em que
o vi a participar de cerimônias diversas na Câmara Municipal de Marabá, na
condição de bispo diocesano. A Câmara sempre o convidava para sessões solenes e
atos como, por exemplo, a inauguração do novo prédio, e ele sempre comparecia,
sereno, discreto e muito educado, atendendo ao chamamento do Poder Legislativo.
Não sou católico, sou cristão de
confissão presbiteriana, membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (já há algum
tempo, aliás, perseguido e execrado pela igreja, porque sou maçom), mas eu o
estimava. Cumprimentava-o na rua, no banco (nos encontrávamos com certa frequência
no Banco do Brasil, agência da Marabá Pioneira) e até conversei com ele algumas
vezes. Era um homem humilde e acolhedor, que não fazia acepção de pessoas,
via-se isso nele.
A despeito da sua simplicidade, Dom
José Foralosso não era um homem comum. Tinha autoridade eclesiástica, como
bispo, e acadêmica, como doutor em Teologia, mas era humilde, muito humilde e
falava manso. Conviveu, por isso, harmoniosa e pacificamente com os
evangélicos, com os povos de outras confissões, como dá testemunho na edição 2.408
(23 e 24 de agosto de 2012) do jornal Correio
do Tocantins, o pastor Sales Batista, presidente da Igreja Evangélica
Assembleia de Deus.
Era um italiano que amava demasiadamente
o Brasil e os brasileiros: seus atos, sua vida e suas declarações mais recentes
comprovam isso. Dizia-se mesmo já mais brasileiro do que italiano, tanto que,
ao pedir aposentadoria antecipadamente, declarou que não voltaria para a
Itália, mas para Mato Grosso do Sul, de onde viera para Marabá. Lá gostaria de
terminar seus dias e ser enterrado. Não quis, contudo, o destino que se
cumprisse essa sua vontade: aqui adoeceu, faleceu e será sepultado.
Com o registro desta crônica, quero,
na condição de brasileiro e até de cidadão do mundo, esquecidas as diferenças
de fé e confissão, solidarizar-me no profundo significado da palavra ao rebanho
católico apostólico romano da Diocese de Marabá, no meio do qual tenho
inclusivamente grandes amigos, nesta hora de dor e desventura pelo desenlace de
seu amado pastor. Eu creio, como cria o apóstolo Paulo, que o disse em carta ao
jovem pastor Timóteo: “O Senhor conhece os que lhe pertencem” ( II Tm 2.19). Isso
me basta.
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