Desperto, cansado, pelo toque do celular. Domingo, 3 de julho de 2011, 8h51, manhã de mais um dia de luto para minha família: Amaro Neto, de 44 anos, irmão de dona Ana, minha falecida sogra, vítima de acidente automobilístico ocorrido dia 30 de junho, quinta-feira passada, em Paragominas, está sendo sepultado agora, em Conceição do Araguaia! É a Câmelha, minha mulher, quem me liga para avisar-me de que o sepultamento está sendo feito. Dor, muita dor!
Estou em casa só com meus filhos, Douglas, de 24 anos, Daniel, de 13, e Samuel, de 6. A Câmelha viajou para Conceição do Araguaia ainda na sexta-feira, e hoje, domingo, a empregada descansa, como recomenda a Constituição da República. Puxa vida, que dia triste! Antes, até pensara em convidar minha irmã Ednalva e meu cunhado Zeca, marido dela, para irmos à vila Consulta, Município de São João do Araguaia, visitar meu irmão Valdener, comer carne assada e tomar banho no Rio Taurizinho, como gostamos de fazer aos fins de semana. Não o fiz, contudo, por causa do luto.
Cansado, volto a dormir e só acordo depois das 10 horas da manhã. Os filhos, que despertaram bem antes de mim, estão ocupados (cada um à sua maneira): Douglas, com o notebook, navega na internet; Daniel assiste à tevê e Samuel joga no meu computador. Estou superdesanimado, triste e ainda cansado, pensando em preparar o almoço. Preparo o café e ligo para minha tia Maria do Carmo, a tia Neguinha, mulher do meu tio Hiram, em Xinguara. Depois, refletindo um pouco, resolvo cozinhar arroz, temperar feijão e dizer ao Douglas que vá comprar churrasco e refrigerante: está resolvido o problema do almoço!
Uma mensagem pelo celular me faz sacudir a tristeza e pensar em escrever essa crônica, meu gênero literário preferido. É que, às 12h22, o poeta e escritor marabaense Airton Souza enviou-me uma mensagem alegre, dando-me parabéns pela seleção de minhas obras (um soneto, um conto e uma crônica) para publicação em antologias da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE), do Rio de Janeiro. Airton, que também teve obras selecionadas, envia-me mensagem de parabéns, abraços de bom dia e comunica-me que publicou no seu blogue, http://airtonsouzza.blogspot.com/ (assim mesmo, com “z” duplicado), a notícia da seleção das obras.
Airton Souza, professor de História da rede municipal de ensino de Marabá, pessoa de fino trato, é um jovem de futuro promissor como poeta e escritor, ninguém tenha dúvida. Assim como eu, não é a primeira vez que teve outras obras selecionadas e publicadas pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores, com repercussão nacional, como, contente e orgulhosamente, ele gosta de ressaltar. Orgulho-lhe, sem soberba, da sua amizade desinteresseira, Airton! Sua amizade, para mim, vale ouro, meu querido.
Para terminar de sacudir a tristeza, enquanto aguardo minha amada mulher chegar de Conceição do Araguaia, vim escrever esta crônica ouvindo o cedê Coisas Lá de Casa, de Edinho Nascimento, excelente presente que recebi recentemente do grande amigo Prof. Dr. Gutemberg Armando Diniz Guerra. Aliás, a quarta faixa desse cedê é a minha preferida, a lindíssima canção “Carta ao Gutemberg”, que foi feita pelo Edinho Nascimento especialmente para ele, Gutemberg, quando este cursava o doutorado em Paris, na França, sobre o que deverei em breve escrever outra crônica. Pois é. Foi assim que, graças a Deus, a despeito de tudo, ganhei o dia hoje. Como diz uma das minhas canções preferidas, “um amigo de verdade não se encontra por aí”.
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