Cronicar é escrever crônicas em jornais. Logo, eu cronico, tu cronicas, ele ou ela cronica, nós cronicamos, eles ou elas cronicam, vós cronicais, e assim por diante. O verbo existe, embora não seja comum empregá-lo. Não consta no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa nem no Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, mas consta, por exemplo, no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e no Dicionário da Língua Portuguesa, da Editora Porto (da cidade do Porto, Portugal).
O verbo existe, tudo bem. E a crônica, é arte? É, sim, como eu já o disse da tribuna da Câmara Municipal de Marabá, na sessão solene de homenagem aos artistas da terra. A Câmara realiza essa sessão solene todos os anos, em dezembro, encerrando o segundo período da sessão legislativa anual, conforme proposição de autoria da Vereadora Vanda Régia Américo Gomes, como também o faz em agosto, comemorando o Dia do Maçom, por decreto legislativo de autoria do Vereador Miguel Gomes Filho.
Pois bem. José Sarney, a quem muito admiro como cronista, poeta e romancista, também o disse (mais do que isso, escreveu). E, logicamente, muitos outros também o fizeram. Eu, porém, gostei das frases que Sarney fez insculpir na crônica “Sexta-feira, Folha”, que publicou no jornal Folha de S. Paulo, agora, dia 8 deste mês. Talvez porque o que ele escreveu coincide com o que penso e, por isso, defendo.
“A crônica é uma arte difícil. É literatura e é jornalismo”, escreveu Sarney. Concordo plenamente. A crônica, a um só tempo jornalismo e literatura, é arte, e arte difícil. Embora nem todo cronista seja jornalista e vice-versa, todos os grandes literatos escreveram em jornais. Segundo Barbosa Lima Sobrinho, citado no prefácio do livro Jornalismo e Literatura: a Sedução da Palavra, dificilmente se encontraria um escritor que não tivesse recebido influência do jornalismo.
Em jornal, escrevem hoje Carlos Heitor Cony, João Ubaldo Ribeiro, Luís Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura, por exemplo, como em jornal escreveram no passado Almeida Garret, Euclides da Cunha, João do Rio, José de Alencar, Machado de Assis, Mário Quintana e Rubem Braga, dentre tantos outros nomes de realce da Literatura. A crônica é notícia do cotidiano, mas posta no jornal com viés literário. É agradábilíssimo, por exemplo, ler hoje as vinte crônicas que Machado de Assis publicou de 12 de outubro de 1861, um sábado, a 5 de maio de 1682, uma sexta-feira, no jornal Diário do Rio Janeiro, sob o título de “Comentários da Semana”.
Sarney, que escreveu, às sextas-feiras, durante vinte anos (1991 a 2011) na Folha de S. Paulo, noticia que resolveu parar exatamente com a citada crônica “Sexta-feira, Folha”, que publicou dia 8 de julho de 2011. Segundo ele informa, o material escrito nesse período rendeu-lhe oito livros de crônicas, dos quais tenho, por sinal, a satisfação de possuir vários. Para mim, Sarney, como cronista, é excelente. Comprei muitas vezes o jornal Diário do Pará de sexta-feira por causa da crônica dele.
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