O leitor deve estar lembrado de que um dia desses confessei que, nem antes nem depois das eleições, procurara saber o nome do vice da agora presidente eleita, Dilma Rousseff. Não sabia nem procurei saber, mas, hoje, mesmo sem procurar saber, descobri, embora nada tenha mudado com isso, claro. E, se houvesse ficado sabendo antes das eleições, daria no mesmo: para mim, saber quem é o vice-presidente da República não influi nem contribui. Houve tempos em que ainda me preocupava com essas coisas, agora, não. Não me preocupo e tampouco me ocupo disso.
Hoje, contudo, por mero acaso, ao acessar a internet, chamou-me a atenção uma manchete que falava de Temer, Ciro e Dilma. Fui ver o que era, porque sei, embora isso também não me interesse muito, que Michel Temer e Ciro Gomes são deputados federais. Gosto mais de Michel Temer como autor de Elementos de Direito Constitucional, pena que tenha debandado para a política e abandonado a cátedra de Direito. Creio que abandonou.
Abandonando ou não, se tivera ido para a Política, tudo bem, mas não foi, até porque a cada dia mais me convenço de que essa Política, com “p” maiúsculo, quase (eu disse quase) não existe fora de algumas cabeças que se pensam cabeças de intelectuais. O que mais existe mesmo é a política, com “p” minúsculo, do pé-de-meia, da roubalheira.
Que fique bem claro para o leitor: a roubalheira de que falo é roubalheira mesmo, é o roubo de bens do Estado, do patrimônio público, do erário. É isso que os desonestos chamam de “fazer o pé-de-meia”, frasezinha que deveras me aborrece quando é dita por partidários de político ladrão. E olhe que já a ouvi muitas vezes, e sei que, vivendo no Brasil (e, mais precisamente, no Pará de Jader Barbalho et caterva, que poderia ser também o Maranhão de José Sarney et caterva, ou a Bahia de Antônio Carlos Magalhães et caterva, ou São Paulo de Paulo Maluf et caterva, ou o...), o privilégio não é somente meu.
Mas, voltando, em matéria de vice, como da política eleitoral como um todo, há muito tempo ando mesmo desinteressado, porque desanimado. Ou seria desanimado, porque desinteressado? Seja uma coisa ou a outra, que me aproveitaria ser informado? Mudaria alguma coisa? Claro que não: a eleição do titular importará sempre a do vice. E pronto.
Mas não é só isso. O vice é substituto, nos casos de impedimento, e sucessor, no caso de vaga, bem o sabemos, mas, salvo acidente de percurso, não sucede. E, dependendo dos desentendimentos com o titular, também não substitui. Danou-se!
Falando nisso, lembrei-me agora mesmo de que não sei o nome do vice de Simão Jatene, governador eleito do Pará em 2010. Caramba! Mas, que me aproveitaria saber? Mudaria alguma coisa? Sinceramente, penso que não. Aliás, esse caso aí é indiferente, penso. Há, contudo, muitas coisas da política, dessa do pé-de-meia, que é melhor mesmo a gente nem saber.
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