Carlos Heitor Cony, na crônica “Cachorros atropelados”, lembra Manduca, irmão da escritora paraense Eneida de Morais, autora de Aruanda e Banho de Cheiro, dentre outras obras interessantes. Eneida era cronista e infelizmente foi também contemporânea de cárcere do romancista Graciliano Ramos. Tenho por ela admiração profunda, porque soube dignificar o Pará, a exemplo do maestro Waldemar Henrique, como de outros tantos paraenses ilustres.
Pois bem. Cony, com seu jeito invejável de cronicar, diz na crônica que se sente um cachorro caído e vencido na vida, razão pela qual, ainda que não houvesse aprendido de seus ancestrais que não se deve chutar cachorro atropelado, ele, por si mesmo, decerto não o faria. Não chutaria cachorro atropelado nem cachorro caído e vencido pela vida, por ser um deles. Caramba! Sou fã do cronista Cony, como o sou dos cronistas José Sarney, Moacyr Scliar, Ana Miranda e João Ubaldo Ribeiro, dentre outros. A crônica - já o disse inúmeras vezes - é o meu gênero literário preferido.
Misericórdia! Se, de verdade, o Cony, com tanto sucesso, sentir-se um cachorro caído e vencido pela vida, que dizer do cronista meia-tigela que rabisca esta insignificância literária, e de tantos outros reles desconhecidos por aí? Não pode ser. É, com efeito, mais uma das brincadeiras do estilo conyano. Ora, veja bem o leitor que cachorro, no significado etimológico da palavra, não chega nem a ser cão. Cachorro não é cão, etimologicamente falando, cachorro é filhote de cão: cão é cachorro adulto. Danou-se!
Está aí! Cony disse (aliás, disse, não: escreveu) uma coisa que muitos sentem, mas não têm a coragem de dizer: sou um cachorro, ou mesmo um cão, caído e vencido pela vida. Eu mesmo, com tristeza o confesso, tenho pensado isso várias vezes. E, o que é pior, pensei de verdade; não de brincadeirinha como penso que ele o fez. Sei, obviamente, que não sou cachorro: sou um corpo humano alquebrado e amortecido pelos anos. Mas isso, do ponto de vista material, não faz muita diferença, porquanto, biologicamente falando, homem e cachorro ou qualquer outro animal, notadamente quando mortos, são iguais.
Tudo isso me fez relembrar que, na sessão maçônica mais recente, aprendi uma lição simples, mas muito interessante: cada pessoa tem o dever de preencher com dignidade a porção que lhe cabe no Universo. Puxa vida, muitos não se preocupam com isso! E não o fazem porque, da baixeza de sua ignorância, ingenuidade ou coisa que o valha, pensam que são alguma coisa, biologicamente falando, muito além de cães, de gatos e até de outras pessoas (que também são animais). “Tudo pode acontecer na vida de uma pessoa que tem um gato e ele se chama José”, deixou perenizado em uma crônica Eneida de Morais.
Pois bem. Cony, com seu jeito invejável de cronicar, diz na crônica que se sente um cachorro caído e vencido na vida, razão pela qual, ainda que não houvesse aprendido de seus ancestrais que não se deve chutar cachorro atropelado, ele, por si mesmo, decerto não o faria. Não chutaria cachorro atropelado nem cachorro caído e vencido pela vida, por ser um deles. Caramba! Sou fã do cronista Cony, como o sou dos cronistas José Sarney, Moacyr Scliar, Ana Miranda e João Ubaldo Ribeiro, dentre outros. A crônica - já o disse inúmeras vezes - é o meu gênero literário preferido.
Misericórdia! Se, de verdade, o Cony, com tanto sucesso, sentir-se um cachorro caído e vencido pela vida, que dizer do cronista meia-tigela que rabisca esta insignificância literária, e de tantos outros reles desconhecidos por aí? Não pode ser. É, com efeito, mais uma das brincadeiras do estilo conyano. Ora, veja bem o leitor que cachorro, no significado etimológico da palavra, não chega nem a ser cão. Cachorro não é cão, etimologicamente falando, cachorro é filhote de cão: cão é cachorro adulto. Danou-se!
Está aí! Cony disse (aliás, disse, não: escreveu) uma coisa que muitos sentem, mas não têm a coragem de dizer: sou um cachorro, ou mesmo um cão, caído e vencido pela vida. Eu mesmo, com tristeza o confesso, tenho pensado isso várias vezes. E, o que é pior, pensei de verdade; não de brincadeirinha como penso que ele o fez. Sei, obviamente, que não sou cachorro: sou um corpo humano alquebrado e amortecido pelos anos. Mas isso, do ponto de vista material, não faz muita diferença, porquanto, biologicamente falando, homem e cachorro ou qualquer outro animal, notadamente quando mortos, são iguais.
Tudo isso me fez relembrar que, na sessão maçônica mais recente, aprendi uma lição simples, mas muito interessante: cada pessoa tem o dever de preencher com dignidade a porção que lhe cabe no Universo. Puxa vida, muitos não se preocupam com isso! E não o fazem porque, da baixeza de sua ignorância, ingenuidade ou coisa que o valha, pensam que são alguma coisa, biologicamente falando, muito além de cães, de gatos e até de outras pessoas (que também são animais). “Tudo pode acontecer na vida de uma pessoa que tem um gato e ele se chama José”, deixou perenizado em uma crônica Eneida de Morais.
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