É noite de 24 de agosto de 2010, 19h29, para ser exato. Em casa, na minha sala de estudos, como de costume, estou sozinho. Tudo está diferente, porque estou sem net, (damo-nos o direito de já usar essa redução para internet, que poucos ainda chamam de rede mundial de computadores). Emprestei meu modem a minha mulher, que o levou para a escola e só retornará após as 22h30. Não estou gostando nem um pouco da situação: estou desligado (desconectado, para ser coerente como internauta) das pessoas com quem costumo conversar a esta hora, se não todos, quase todos os dias. Fazer o quê? Estou fora do ar, desconectado e só me resta esperar!
Caramba, como está ruim! Dou-me conta, de repente, do quanto estou viciado em internet e, mais do que isso, de como nós, todos os humanos, nos fazemos dependentes dessa coisa, às vezes boa e às vezes ruim, chamada tecnologia. A tecnologia, não resta dúvida, facilita demasiadamente a nossa vida e, por isso, quando nos vemos privados, ainda que momentaneamente, de certos hábitos proporcionados por ela, ficamos incomodados, impotentes até, e sofremos sobremaneira. Como pode? Eu hein!... Que coisa mais preocupante e assustadora!
Lembrei-me de que antes, ainda não faz muito tempo, desgostava a não mais querer da geringonça engenhosa e utilíssima inventada por Graham Bell. É verdade! Eu simplesmente detestava o telefone e, por isso, resisti até não mais poder a pôr telefone em casa e a usar o celular, embora hoje não viva sem eles. Carrego dois aparelhos celulares o dia inteiro e durmo com eles ligados ao pé da cama. Como pode? Os homens mudam (e as mulheres também, óbvio)! E veja o leitor que, com dois celulares apenas, ainda sou modesto, pois conheço pessoas que não se apartam jamais de três, quatro ou cinco. É mole, ou quer mais?
Parado, aqui sozinho (meus filhos estão na sala ao lado), fico pensando não só na dependência tecnológica, mas também nas várias outras muletas que fazemos incorporar ao nosso ser e, uma vez sem elas, ficamos de todo atrapalhados e, não raro, impotentes, incapacitados para muitas coisas: o celular, o notebook, o pen drive e outros produtos tecnológicos do mesmo jaez, mas também os óculos (para muitos como eu) e, para não me alongar muito na lista, a chave da gaveta! O homem é mesmo um ser imperfeito. Sou homem e, por isso, um ser imperfeito. É por isso que, tal qual você, eu me faço depender, com ou sem razão, de tantas coisas.
Batem e chamam à porta. Vou ver quem é e interrompo, com alegria, minhas lucubrações, pois é o reverendo Hideraldo Cordeiro de Melo, pastor presbiteriano, meu irmão em Cristo e grande amigo, que já foi meu pastor em Marabá e hoje mora em Macapá, Estado do Amapá! Que alegria! Que coisa boa! Conversamos muito sobre muitas coisas, embora estejamos apressados e preocupados com a exiguidade do tempo, dado que ele terá de ir para o aeroporto às 22h30, retornando para Macapá.
Agora são 21h44. O pastor Hideraldo foi embora, a Câmelha ainda não chegou da escola e eu continuo sem net. Amanhã, às 10h30, tenho consulta com meu cardiologista, Dr. Cesar Antonio Rodriguez Montes, peruano, radicado no Brasil. Fica esta crônica como registro, a qual será publicada nos meus blogues tão logo me chegue às mãos o modem. Tudo valeu a pena, e muito. Só a saudade dos amigos da internet me incomoda muito e dá um aperto no coração.
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