Ficar, involuntária e
obrigatoriamente, parado é terrível! Eu que o diga, depois de quinze dias de
atestado médico e distanciamento social, por causa da covid-19. Febre, tosse,
dor no tórax – como se fora nos pulmões – quando tossia, leve rouquidão e garganta
inflamada, durante um bom tempo desses quinze dias, foram o meu pesadelo, tanto
dormindo quanto acordado, mais acordado do que dormindo. Covid lembra cova de
defunto e é nome feio.
Não precisei de ser internado.
Consultei-me quatro vezes, duas delas na emergência, mas o tratamento foi feito
em casa. Perfurações, outro nome para agulhadas de vários calibres, não
faltaram: na emergência e no laboratório. Haja resiliência! O processo foi,
como sempre, desagradável, porque minhas veias são muito discretas, quase
secretas, aspecto que sobressai mais ainda diante da agulha e do ser de branco
que – bondosa, mas sempre assustadoramente – a empunha.
Conquanto já houvesse tomado
as duas doses da vacina e, como disse, não tenha sido internado, fiquei deveras
preocupado em alguns momentos. A covid – que jamais poderá ser, por quem tenha
o mínimo de seriedade, comparada a uma gripezinha –, somente no Brasil, tem levado
milhares de pacientes a óbito, de forma traiçoeira, inteiramente inesperada. Paciente
que parece estar muito bem, de repente, piora e morre.
A primeira consulta foi na
sexta-feira, dia 3 de setembro, mas o abuso do plano de saúde fez que o
resultado dos exames saísse somente no domingo, dia 5, ainda assim porque, com
febre, tosse e dor no tórax, na manhã do domingo, fui parar na emergência. E, como
sempre me atendem mal onde quer que eu vá, lá tive que me aborrecer e reclamar
com a firmeza necessária. A médica que me atendeu requisitou novamente os
exames requisitados pelo médico anterior, e eu – alto e bom som, vociferando
mesmo – avisei que, se não autorizasse logo, o plano de saúde iria ter sérios problemas.
Resultado positivo, atestado
médico de quinze dias e vários medicamentos a que se somaram a medicação
cardiológica de uso contínuo e os remédios, gratuita e muito zelosamente, trazidos
a minha casa por dois amigos advogados. Um trouxe cinco remédios caseiros; o
outro, dois remédios da farmácia, industrializados. Tudo isso, é claro, sem
cloroquina, hidroxicloroquina nem ivermectina. Ânimo para quase nada e tédio de
quase tudo, amanhecia e anoitecia tomando remédios. Penso, contudo, que deu
certo. Estou aqui firme e forte, graças a Deus!
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