Belisco-me, não por autoflagelamento ou coisa parecida, mas
para saber se, de fato, estou acordado ou se, diferentemente, estou dormindo e
sob o efeito de um dos mais terríveis pesadelos. E vejo que não se trata de pesadelo,
mas, sim, de pura realidade. Estou acordado. Sim, estou acordado: não é pesadelo.
É real o que vejo. Nada de ilusões ou perturbações oníricas.
Estou, de fato, acordado e lendo na revista eletrônica Consultor Jurídico a notícia de que o ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, hoje, sexta-feira, 27 de
setembro de 2019, determinou à Polícia Federal a busca e apreensão nos endereços
residencial e profissional de Rodrigo Janot Monteiro de Barros, a fim de apreender
armas, computadores, tablets,
celulares e outros dispositivos eletrônicos, assim como quaisquer outros
materiais relacionados aos fatos antes descritos na decisão.
Isso e somente isso já seria inimaginável até um dia desses,
mas não foi só isso que o ministro decidiu. Alexandre de Moraes também decidiu,
cautelarmente, suspender o porte de arma de Rodrigo Janot, proibi-lo de se
aproximar a menos de duzentos metros de qualquer um dos ministros do Supremo
Tribunal Federal, bem como de ter acesso ao prédio-sede e aos anexos da Corte. Caramba!
Isso não parece realidade, parece um sonho (ou pesadelo)! Fui conferir. Li a
decisão do ministro. E é isso mesmo, sem tirar nem pôr. Estou acordado. Não
estou sonhando, mas estou abismado.
O ministro Alexandre de Moraes determinou e, como não poderia
deixar de ser, a Polícia Federal foi lá, nos endereços de Rodrigo Janot, e
cumpriu o mandado judicial. Diz a revista Consultor
Jurídico que a Polícia Federal apreendeu uma pistola, três pentes, celular
e o tablet de Janot, o valentão
(claro que o valentão fui eu que acrescentei).
Estou acordado, não estou sonhando nem tendo pesadelo, mas
estou estupefato. Eu vivi para ver isso e, querendo Deus, viverei para ver mais,
ou seja, para assistir à total derrocada e inteira responsabilização de pessoas
que, de 2016 para cá, têm se julgado acima do bem e do mal, coisificado e
desumanizado suas vítimas, em nome do Estado, assassinado reputações e rido da
miséria alheia, relativizando e ridicularizando inclusivamente a morte dos
parentes do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em nome de um
falso combate à corrupção.
Rodrigo Janot, para quem porventura não sabe ou não se
lembra, é o ex-todo-poderoso procurador-geral da República idealizador e criador
da famigerada força-tarefa do Ministério Público Federal que ficaria conhecida
como Operação Lava Jato (na realidade, a grafia correta seria Operação Lava a Jato).
O povo da Operação Lava Jato, sob a batuta ilegítima do então juiz federal
Sérgio Fernando Moro, fez miséria. E, ninguém se esqueça, Rodrigo Janot era o
seu chefe e maior sustentador, como procurador-geral da República.
Alguém deve estar perguntando qual o motivo, então, para essa
inimaginável decisão do ministro Alexandre de Moraes contra o ex-procurador-geral
da República. Inacreditável, não é? Pois bem. Rodrigo Janot confessou em
entrevista à imprensa, na data de ontem, que, armado, foi às dependências do
Supremo Tribunal Federal com o intuito de assassinar o ministro Gilmar Ferreira
Mendes. Matá-lo-ia com um tiro na cara e depois se suicidaria. Por quê? Porque o
ministro Gilmar Mendes ousava desafiar, em defesa da Constituição e do próprio
Estado democrático de direito, as leviandades, atentados e absurdos cometidos,
em nome do Estado, por alguns membros do Ministério Público. Elementar. Isso e
somente isso.
Como se vê, ainda bem que o Supremo Tribunal Federal acordou a
tempo de sua condenável letargia e deixou, pelo visto, de se fingir de morto. A
decisão de hoje do ministro Alexandre de Moraes demonstra isso. É, pois, o
começo do fim. Ponham as barbichas de molho, ó Sérgio Fernando Moro, Deltan
Martinazzo Dallagnol et caterva!
Esperem só mais um pouco. Não vai demorar e a hora de vocês também chegará.
“Eles semeiam ventos, e colhem tormentas” (Oseias, 8.7). “Quem
semeia vento colhe tempestade; quem semeia o mal recebe maldade e perde todo o
poder que possuía” (Provérbios 22.8, Bíblia
Viva). É bíblico.
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