Comprei
a revista Caras, edição 1.101, por causa da chamada de capa para a entrevista
do padre Marcelo Rossi, sobre a depressão de que se recuperou. Li a entrevista,
mas não gostei, por julgá-la superficial. Penso que deveria ter sido mais
aprofundado o tratamento da questão, mas, tudo bem. Valeu a pena.
Fiquei
sabendo, contudo, que Marcelo Rossi, certamente tal qual pensam muitos outros,
não acreditava em depressão. “Achava que era frescura. Não é”, disse ele. É verdade,
não é frescura. É enfermidade mesmo, digo eu. Sei disso porque já tive
depressão. Aliás, tive, não: eu tenho. Luto diariamente com a depressão, para
não me deixar dominar. Tenho consciência disso.
É
raro o dia em que não amanheço deprimido. Acordo, quase todas as manhãs, com a
terrível sensação de que o mundo desaba sobre mim. Procuro reagir, sempre e
imediatamente, mas é terrível. Quem passa por isso como eu passo sabe como é a
coisa e, por conseguinte, sentindo o que sinto, entende na real dimensão o que estou
falando. Fora disso, só psicólogos e psiquiatras.
Fiz,
contudo, um pacto comigo mesmo: não duvidar da enfermidade e jamais me abandonar
e deixar dominar. Não é autossugestão ou coisa que o valha, não: é a
responsabilidade comigo mesmo. Cheguei a tomar remédio controlado durante
alguns meses para sair da crise e me recuperar, em 2010 ou 2011, e saí. Saí da
crise, é verdade, mas a recidiva, como já disse, me ameaça cotidianamente.
O
cardiologista – que me receitou o antidepressivo e tirou-me da crise –
recomendou-me procurar posteriormente tratamento psicológico, o que não fiz.
Hoje não tomo antidepressivo. Tomo a medicação cardiológica e procuro viver
normalmente, seguindo a orientação do meu médico, embora não o faça em tudo,
uma vez que não me submeti ao tratamento psicológico, como me orientou que me
submetesse. Levo, todavia, vida normal (se é que se pode chamar isso de normal).
Se
você tem depressão, cuide de sua vida, porque a coisa é seria. Não descuide. Quem
duvida ou pensa que depressão é frescura que vá para o inferno, por mais pesado
que isso possa parecer. Não estou nem aí. Que se dane! Como diz o ditado, quem
calça o sapato é que sabe onde aperta. Não suporto gente metida a besta, embora
o mundo, por certo, desde que é mundo, esteja repleto dos tais.
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