quarta-feira, 7 de março de 2012

Ministério dos Problemas sem Ministério


Sou fã do cronista Carlos Heitor Cony, já o disse e escrevi muitas vezes, nos meus bate-papos literários e nas crônicas que escrevo. Sim, sou admirador do Cony e de tantos outros cronistas, vivos e mortos. Daí o motivo por que visito diariamente a página da Academia Brasileira de Letras, na rede mundial de computadores. Também tenho inúmeros livros de crônicas, do Cony e de muitos outros cronistas da mesma estirpe.

Pois bem. Foi da crônica “Sonho de consumo”, de Cony, lida no sítio da Academia, que, como gosto de fazer, tirei o título da minha crônica de hoje, como aí acima se vê: Ministério dos Problemas sem Ministério (MPM). É uma sugestão do cronista carioca à presidente (detesto a forma presidenta) da República, dona Dilma: criar o ministério e, com ele, agraciar Tiririca. Hum, que interessante! Gostei da ideia e pensei logo em algo similar aqui, para nós, afinal Marabá tem o direito e o dever de estar sempre na vanguarda. Claro!

Meu medo (aliás, medo, não: receio, mero receio), como contribuinte e cidadão marabaense, é que um dia um alcaide nosso qualquer fique sabendo da sugestão conyana e aí, pumba! Vai que – tenha criado ou não muitas secretarias municipais, com atribuições parecidas com as desse ministério ou não, pois isso não vem ao caso – ele resolva criar a Secretaria Municipal de Assuntos sem Secretaria (Semas) e, com ela, fazer um mimo ao nosso Tibirica, político marabaense que também é artista. A mão e a luva, claro.

Não que eu tenha alguma coisa contra o Tibirica, não tenho. Meu receio e sérias preocupações no caso têm razões puramente financeiras, não são nem orçamentário-financeiras. São apenas financeiras, a dotação não é problema, a gente dá um jeito na hora nesse probleminha técnico. Basta, na mesma lei ou até mesmo em lei posterior, como sói acontecer, criar a respectiva dotação orçamentária – com código, denominação e expressão monetária, claro –, para suportar as despesas (aliás, suportar, não: custear é a palavra técnica ideal para o caso).

Aí já se viu: apenas mais um torneira, se com ou sem ralo não importa, com ou sem Tibirica. Uma coisa são os recursos orçamentários, a existência de dotação, que é questão meramente técnica; outra coisa bem diferente são os recursos financeiros, a existência ou não e disponbilidade do dinheiro, dos cum quibus, porque isso sobra sempre para um indivíduo, não raro muito simplório, chamado contribuinte. É ele e somente ele quem sempre paga o pato, a galinha ou seja que bicho for, de Rui Barbosa ou não.

O leitor, evidentemente, poderia dizer que não há motivo para preocupações, porque um prefeito assim e o Tibirica não rezariam pela mesma cartilha política. Sei lá, isso nada garante. Primeiro, o problema não é o Tibirica, até porque, conhecendo-o como o conheço, penso que ele não toparia, mas o gestor poderia lançar mão de outro político, amigo ou não. Segundo, em política se vê de tudo, ainda mais em ano de eleições. Os bois ficam voando sobre nossa cabeça e nós, ingenuamente, pensamos e dizemos que são pombos. Terceiro, a indubitável capacidade artística do Tibirica ficaria ociosa. Não, não dá! Estou brincando, mas é melhor a gente nem brincar com isso.

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