Muitos não sabem, mas já sofri depressão e não
tomei Rivotril, princípio ativo clonazepam, mas tomei Fluxene, princípio ativo fluoxetina,
sob prescrição médica, é claro. Não é a minha área de formação acadêmica, falo,
pois, como leigo, embora um leigo fascinado pelo assunto. Salvo engano ou erro
grosseiro do leigo aqui, os médicos e outros profissionais da saúde os chamam de
ansiolíticos, antidepressivos e coisas que o valham, na linguagem técnica que
eu tanto admiro (como admiro a linguagem jurídica e demais linguagens técnicas).
Isso é remédio de doido? Não, não é remédio de
doido, é remédio para quem sofre de ansiedade, depressão, ou sei lá o quê. Aliás,
como leigo, nem sei se existe remédio para doidice, loucura, ou o nome que se
queira dar. Acho que não. Existe para sem-vergonhice, cachorrice e coisas
parecidas, que, dependendo da idade do paciente, é taca com galho de goiabeira,
bordoada com pedaço de jatobá serrado ou até mesmo bala, chumbo grosso, besouro sem asa. Esses,
contudo, já não se pode (digo, não se deve) administrar, conquanto os pacientes
existam aos montes, porque é proibido. Foi-se há muito o tempo em que podia,
acredite.
A proibição é dupla, tripla, sei lá. Não é demais
lembrar que o corretivo com chumbo, seja grosso ou seja fino, só é legal quando
a pena capital é institucionalizada e, no Brasil, a pena de morte foi abolida há
mais de século. Também se tornou proibido, já faz algum tempo, serrar jatobá ou
qualquer outra essência florestal . E podar, também, evidentemente. É proibido,
sim, embora tudo isso continue sendo feito à luz do dia e revelia da lei, sob as
barbas do Estado (nada que ver com o Partido dos Trabalhadores – PT), que vê,
mas não se incomoda.
Bom, deixemos isso para lá (lá não sei onde).
Afinal, que tem tudo isso com depressão? Fluxene? Rivotril? Nada e, ao mesmo
tempo, muita coisa. Tem, sim, mas eu falei depressão apenas para explicar que,
como tenho dito em crônicas passadas, já sofri a coisa, logo algum tempo depois
da cardiopatia. Quero e prometo esquecer o assunto, mas precisava explicar o
porquê da minha euforia com o término da monografia da pós-graduação. É porque,
no passado recente, eu perdi a minha primeira pós-graduação, exatamente por
causa da depressão.
Cursei – com brilhantismo, tirando a nota máxima em
todas as disciplinas –, pós-graduação “lato sensu” (especialização, para quem
não sabe) em Direito Constitucional, nos anos de 2009 e 2010, mas não recebi o
certificado, porque, na parte final do curso, quando faltavam apenas a prova final e a
monografia, caí em depressão e só me recuperei depois de, mais ou menos, um ano.
Foi isso que aconteceu e é por isso que fiquei tão alegre agora. Depressão é terrível, ninguém queira saber: quase
morro de medo, só de pensar.
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