Um dia escrevi uma
crônica que não foi publicada. Não foi, porque o jornal para o qual a escrevera
especialmente não saiu, não veio a lume. Publico-a agora, porque com ela
homenageio a mulher e, por conseguinte, a despeito de ter sido escrita para o
mês de maio, será continuamente atual. Dizia assim (dizia, não, é claro: diz):
É mês de maio, maio de
2012, para ser preciso, ser exato. Maio é o mês das mães e o mês das noivas,
por conseguinte, o mês da mulher, o mês da beleza e do amor. Poderia falar da
mulher tão somente como mãe. Ou como noiva. Ou avó, ou filha, ou tia, ou
sobrinha. Ou como esposa, ou companheira, ou namorada. Ou apenas como mulher. Tanto
faz, de qualquer forma, daria até para escrever um lindo e extenso livro.
Poderia ainda, se quisesse, falar da mulher sob o ponto de vista antropológico,
biológico, bíblico, jurídico, filosófico. E, fosse qual fosse a escolha, seria
algo maravilhoso, gratificante. E daria para escrever um livro, um tratado.
Talvez um dia – um dia muito feliz,
para ser mais exato – ainda o faça. Talvez.
Puxa vida, gostaria
de escrever algo bonito, profundo, interessante. Sei lá, eu queria fazê-lo
(queria, não: quero), porque a mulher, sob qualquer aspecto, o merece. Sei,
todavia, que tudo que escrever será inexpressivo; até sem graça, talvez. Logo,
a tarefa que me imponho é gratificante, mas, ao mesmo tempo, inglória. Queria
expressar o que sinto (aliás, queria, não: quero), mas eu não sei, ou não
consigo. Ou não quero. Sim, é isso, não quero. Já não quero dizer coisa alguma.
Pronto. Não quero: calar-me-ei. Sim, farei como Camões: “Calar-me-ei somente, /
que meu mal nem ouvir se me consente.”
Pensando melhor, não
é bem assim. Não quero me calar. Quero escrever, falar, dizer. Mas falar o quê?
Dizer o quê? Escrever o quê? Sei lá!... Há tantas coisas, tantos aspectos da
mulher que poderiam ser abordados, discorridos, dissertados. Penso difícil – quase
propositadamente o faço. E não quero (mas não quero mesmo) discorrer, dissertar
sobre coisa alguma, aspecto algum. Quero tão somente provocar. Sim, provocar os
sentimentos de quem me lê, sua reflexão, sua ira, ou compaixão, ou alegria. Ah,
sei lá o quê! Pense, reflita, medite. A mulher o merece.
Eu, já há algum
tempo, não levo a vida tão a sério. Fazer isso para que, se isso não me tem
adiantado quase nada? Aliás, não é que não leve a vida a sério. Eu levo. No
entanto, já desacredito de muitas coisas, já não confio em muitas pessoas e
menos ainda em muitas e muitas instituições. Às vezes – quase sempre, aliás – é
cansativo viver seriamente, sisudamente, crédula e honestamente. É empírico
isso, conquanto aparentemente nada tenha que ver com as mães e as noivas,
enfim, com a mulher. Mas tem, tem sim. Acredito, piamente, no amor de mãe. O
amor de noiva é doce, indescritível; o amor de mãe, além de indescritível, é, sobre
a terra, o mais puro e mais sublime.
Ah!... Amo
profundamente a minha mulher, Professora Câmelha Pereira dos Santos Souza, mãe
do meu Daniel e do meu Samuel. Sem ela, eu seria tão somente uma pobre metade a
vagar por aí tristemente, desoladamente, sem rumo e sem sentido. Acredito
também que ela me ama, seus atos e atitudes do dia a dia involuntariamente me
fazem prova disso. Devo também uma dívida impagável à mulher com quem convivi em
união estável anos antes do meu casamento, dona Maria José Brito Correia, mãe
do meu Douglas.
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