quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Bom Futuro e Boa Esperança



Já faz alguns anos – aliás, muitos anos –, aprendi um dos versículos da Bíblia Sagrada que mais falam ao meu coração. É o versículo 18 do capítulo 23 de Provérbios. Eu o aprendi em 1984, ano em que, por sinal, o escrevi no cartão de Natal enviado, de Xinguara, aos colegas da Agência Distrital de São Geraldo do Araguaia, onde eu trabalhara por quase dois anos e de onde o Prefeito me retirara contra a minha vontade. 

A Bíblia, todos o sabemos, tem muitas versões nas traduções para o português. Dizia assim, salvo erro ou omissão, a versão que aprendi: “Pois é certo que haverá um futuro, e a tua esperança não será aniquilada.” De lá para cá, tenho procurado encontrar uma tradução com essa versão, mas ainda não a encontrei. Presumo que se trata de uma das versões católicas, embora não tenha a certeza. A versão mais parecida que encontrei até agora foi a versão revista e atualizada no Brasil da tradução de João Ferreira de Almeida, que diz: “Porque deveras haverá bom futuro, não será frustrada a tua esperança.”  

Era o começo dos tempos malucos da minha juventude, em que – como escreveu no Facebook um dia desses meu amigo Liberato Diniz Barroso, lá de Belém –, tinha constantemente a palavra molhada por Baco. Era o começo dos tristes tempos etílicos, os quais, graças a Deus, já estão no passado e lá ficarão para sempre. Eu tinha 24 anos e passava por um período de tribulações, devido à embriaguez habitual de que era vítima. Bebia muito e era brigão, emboanceiro, como dizíamos no linguajar nordestino de meus pais e demais parentes, oriundos do Piauí e do Maranhão. 

Andava armado de revólver, dava tiros na rua e, várias vezes, em São Geraldo do Araguaia, tive problemas com a Polícia. Duas vezes, cheguei a ficar detido algumas horas.  Em uma, senti o desejo profundo de, depois que saísse, matar o sargento da Polícia Militar que mandara me prender. Cheguei mesmo a dizer ao meu superior na Agência Distrital que o faria. Na outra, também jurei para mim mesmo que mataria o soldado que me prendera.  Felizmente não o fiz. Eles saíram de lá algum tempo depois e nunca mais os vi. 

Não era evangélico, mas o texto dizia muito ao meu coração. O tempo passou. Deixei de beber e mudei de vida, embora isso não me tenha isentado de ter problemas. Converti-me ao evangelho, que “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).  A Bíblia diz que, “se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram” (2 Co 5.17). Sou um crente muito fraquinho e tenho tribulações, sim, mas as deponho ao pé da cruz de Cristo, meu Senhor e Salvador.  

Hoje, deitado e sem conciliar o sono, após rolar na cama, decidi levantar-me para ler e escrever. Resolvi ler a Bíblia, que já não lia havia algum tempo. Abri-a no livro de Provérbios e, mesmo sem o procurar, exatamente no capítulo 23, deparando-me com o texto tão amado. Daí a crônica, pois, a despeito de já passar das 2 horas da manhã – agora são 2h43, de 26 de setembro de 2012 –, não pude deixar de registrar o ocorrido. A Deus, e somente a ele, toda a honra e toda a glória!    

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