Andei
afastado esses dias do escrever: a crônica mais recente que escrevi e publiquei
foi “As Exéquias de Valdeíra”, que saiu no Correio
do Tocantins, edição 2.393, de 19 e 20 de julho de 2012. A imediatamente anterior
foi “Meu erro, aliás, um deles”, publicada nos blogues em 13 de junho e no Correio do Tocantins, edição 2.378, de
14 e 15 de junho. Entre as duas, escrevi e publiquei nos blogues, dia 1.º de
julho, o soneto “Reminiscências e desilusão”, que não saiu no jornal. Também
publicado no Facebook.
Uma vontade quase mal-agradecida e sentimentos inconfessáveis impediram-me esses dias de produzir uma insignificância literária que fosse. Nada escrevi, nada publiquei. Ler, também li muito pouco, porque não tinha vontade e concentração, pelos mesmos motivos também inconfessáveis, embora não sejam lá tão escabrosos, como, por certo, o leitor estará a pensar. São pecadilhos, que não chegam a pôr em perigo a existência da humanidade, conquanto, bíblica e teologicamente falando, todo o pecado seja condenável. Que ouse atirar-me a primeira pedra o santo que não tem pecados. Isso também é bíblico.
Não gosto de políticos bandidos e desonestos, mas eles pululam e dão as cartas na minha cidade, no meu estado e no meu país – Marabá, Pará e Brasil, para ser exato. Não gosto de autoridades omissas e corruptas, sejam elas de que segmento forem, mas elas vivem a dar as cartas e trombar fisicamente umas nas outras, tão assustadoramente grande é o seu número. Evocando, por isso, os belíssimos versos de Luís Vaz de Camões, “calar-me-ei somente / que meu mal nem ouvir se me consente.”
Pois bem. Até para dar uma luzinha (no fim ou no começo do túnel, sei lá), vou confessar que, por exemplo, às vezes tenho uma vontade quase incontrolável de matar gente sem-vergonha, miserável, ordinária mesmo, que vive a meditar sobre como fazer o mal e prejudicar o próximo. Sim, é verdade! Mas não sou o único a sentir isso e esse não é o meu único pecado, claro. Há muitos outros, talvez considerados mais cabeludos. Eu sou um poço de imperfeições, confesso. O apóstolo Paulo, aliás, dizia-se o pior e mais miserável dos pecadores (1 Tm 1.15).
Não sou, com efeito, melhor do que Paulo, o apóstolo dos gentios. Aliás, tenho a convicção de que não seria digno de lhe desatar a correia das alpercatas. Vivo por mim, pelos meus (parentes e amigos, claro), próximos e distantes. “Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo”, como dizem os versos drummondianos do poema “Sentimento do mundo”, que tanto aprecio. “Vivo sem vontade neste admirável mundo de heróis e vilões”, para tomar emprestada aqui a bela afirmação de Carlos Heitor Cony, na crônica “Admirável mundo antigo”. Pouco, muito pouco mesmo, se me dá que quem quer que seja aja e pense diferentemente.
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