terça-feira, 5 de junho de 2012

Agruras de urbanoide meia-tigela sem energia elétrica


Amanheceu 3 de junho de 2012 e, tal qual programado pela concessionária de energia elétrica, pouco antes das 7 horas, a energia foi desligada. Um domingo quase todo, em casa, sem energia elétrica: sem ar-condicionado nem ventilador, sem computador nem internet, sem tevê nem condições de ler ou escrever. Previsão de volta da energia: lá para as 11 horas ou mais. É demais, não aguento, não! Urbanoide meia-tigela que não consegue ficar muito tempo longe de um computador conectado à internet sem se sentir incomodado, salvo se puder ler ou fazer qualquer outra atividade intelectual, me desesperei.

Se fora no passado não muito remoto, com ou sem energia elétrica, iria à escola dominical. Agora, não. Perseguido, acossado, quase proscrito mesmo da Igreja Presbiteriana do Brasil, por ser maçom, já não frequento a igreja há mais de ano. E, assim, preencho minhas manhãs de domingo quase sempre em atividades intelectuais, lendo, estudando, escrevendo, uma vez que não sou dado a assistir à tevê. Quando não, vou à Praça Duque de Caxias, na Marabá Pioneira, juntar-me aos demais colegas do Senadinho. (Ora, vejam: vou-me rendendo à imposição do costume, sou obrigado a acrescentar o adjetivo “pioneira”, conquanto desejasse dizer ou escrever apenas “Marabá”. Que coisa!)

Pois bem. Não queria ir ao Senadinho hoje: por motivos que não quero nem posso declinar, queria mesmo era navegar na internet, conversar com pessoas amigas no Facebook, no Messenger, no Orkut. Eu amo fazer isso! Contudo, malgrado minha vontade e até mesmo intensa ansiedade, não pude fazê-lo, é óbvio. Impaciente, agoniado, o único jeito foi buscar refúgio saindo de casa. Caramba! Algo está muito errado quando, para se sentir bem ou, ao menos, um pouco melhor, alguém precisa sair de casa. E, assim, saí.

Saindo a pé, peguei a Avenida Boa Esperança e fui ter à feira livre, onde, deveras, não tenho o costume de ir, fazendo-o só muito raramente. Em aí chegando, avistei alguns conhecidos e até me encontrei com uma colega de trabalho, a Anna Barros, que fora comprar peixe. Mas, sem a energia elétrica, tudo estava muito estranho, atípico e sem graça. Para matar o tempo, conversei por alguns minutos com um feirante até então desconhecido para mim, o Mineiro, que, muito solícito, convidou-me a entrar na sua barra e sentar-me, embora não o tenha feito. Conversamos bastante tempo em pé mesmo, até que chegaram fregueses para ele atender, quando fui embora.

Da feira livre, tomando o táxi-lotação de um amigo, fui parar no Senadinho. O Senadinho – intelectual, ideológica e politicamente – é heterogêneo e discute de tudo: política, macro e microeconomia, artes, costumes, a vida alheia e tudo o mais que se possa imaginar, embora o principal seja a política marabaense. Os membros mais assíduos, de quarentões para lá e alguns até sempre muito exaltados, são: doutor Degas, Amin Zahlouth, Wilson (Wilsão), Artur, Carlos Maia (Carlute), Bosco Jadão, doutor Sizenando, deputado João Salame, Jesus Castanheira e muitos outros de cujo nome não sei ou agora não me lembro. Eu, pelas razões já expendidas, sou mais assíduo apenas aos sábados.

Sempre gostei da Praça Duque de Caxias e da Orla Sebastião Miranda, que, embora morando distante, no bairro das Laranjeiras, frequento diariamente: a praça, pela manhã e à tarde; a orla, sempre à tarde, onde fico a meditar, olhando o mais lindo pôr do sol que conheço e as águas do Tocantins. Abrindo e fechando parêntesis: antes da reforma ortográfica, era pôr-do-sol. Mas, esqueçamos isso. Gosto também de olhar as banhistas, que passeiam de jet-ski ou vêm da praia, pois, claro, a mulher marabaense é linda, lindíssima. Nossas sereias são mais sereias!

    Algum tempo depois que chegara ao Senadinho, eis que também chegaram a minha mulher e o nosso filhinho de 7 anos, respectivamente, Câmelha e Samuel. E por lá ficamos até que a energia voltasse. Urbanoide não suporta ficar em casa sem energia elétrica. Lá almoçamos e compramos almoço para o Daniel, nosso filho de 14 anos, que ficara em casa. Passamos na casa dos amigos Lúcio Virgínio e Joaninha Batista, entabulamos aquela conversinha amável de sempre e, por fim, voltamos par casa. Foi assim meu domingo, 3 de junho de 2012, quase todo sem energia. Por essa e, é lógico, outras razões não declinadas, foi um pouco triste, desanimado. Nós, os humanos, somos profundamente complicados.   

  

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