quarta-feira, 21 de abril de 2010

Se os oceanos morrerem


Observo, já faz alguns dias, que a Caixa Econômica Federal passou a disponibilizar ao correntista a opção de ver o saldo em tela nos terminais eletrônicos, ao mesmo tempo em que faz constar no saldo impresso as frases de advertência: “Pense antes de imprimir, conserve o meio ambiente! Consulte o saldo em tela!” Medida simples, mas muito interessante que lembra as lições ecológico-ambientais há muito contidas nos livros didáticos, posto que sempre ignoradas. Os livros didáticos, desde que tenho entendimento, sempre disseram, por exemplo, ser prejudicial derrubar a floresta e queimar. Ninguém, contudo, levou a sério.

“Os homens não sobreviverão se os oceanos morrerem.” Se não era exatamente essa, era muito parecida a frase lida e relida muitas vezes, porque me chamava muito a atenção, no ano de 1976, quando cursava a quarta série do então ensino de primeiro grau. Constava do meu livro de Ciências, livro que era do governo e não pude guardar: tive que devolver no fim do ano. A frase, contudo, ficou comigo.

Ainda de livro da minha quarta série (por sinal, meu único ano de estudo regular do primeiro grau, hoje ensino fundamental), guardei também a lembrança de um poema que, anos depois, passei a procurar e não encontro. Era (aliás, é) um lindo poema sobre mãe, de cujo título e autor não me lembro. Foi aí que aprendi o significado da palavra “eflúvio”, pois o poema tem a locução “eflúvios do bem”. O livro, de Jairo F. Martins, era Comunicação e Expressão. Um dia, talvez ainda o encontre em algum sebo e, assim, possa resgatar o poema e outros textos dos quais tenho saudosa lembrança.

Guardei, da mesma sorte, a mensagem do ministro da Educação, Jarbas Gonçalves Passarinho, posta em fac-símile na contracapa do livro intitulado Pará ou O Pará (já não sei ao certo), que também não pude guardar. Era uma mensagem linda, que falava à mente e ao meu coração do adolescente apaixonado por seu Estado. Já vem daí, independentemente de ideologia político-partidária, a inabalável admiração devotada a Jarbas Passarinho, pela sua invejável intelectualidade (sem dúvida, um intelectual de primeira grandeza entre os nossos) e honestidade pessoal a toda a prova.

A mensagem dizia (salvo algum erro ou involuntária omissão): “Criança paraense: Tu, que neste livro aprenderás a bem amar o Estado do Pará, verás que ele é um dos maiores Estados da Federação. Aceita o desafio. Jarbas G. Passarinho.” Posso involuntariamente ter omitido ou acrescentado, como antes ressalvei, alguma coisa. Já se passaram tantos anos e não anotei nada à época nem me acudiu a ideia de memorizar o texto. Simplesmente o amava, achava bonito, mas eu era apenas um adolescente, sem as preocupações acadêmico-intelectuais de hoje. Creio, todavia, que aceitei o desafio, conquanto tudo o que tenho feito até agora talvez seja tão pouco, insignificante mesmo, para o desenvolvimento do Pará.

Para encerrar o registro dessas gotinhas do meu mar de reminiscências, a lembrança da minha professora daquele ano (aliás, minha única professora do ensino fundamental, uma vez que, por ter tido formação foi irregular, estudei apenas um ano na escola, a quarta série): Senhorita Anelita Barbosa Crisóstomo, que era de Abel Figueiredo, e, na época, morava no convento de São Domingos do Araguaia, juntamente com as freiras (a irmã Odete, supervisora das escolas municipais, a irmã Liliosa e a irmã Lina). Ai, que saudade da professora Anelita! Alguém a conhece e sabe onde ela está?

Ah!... Se os oceanos morrerem, muito antes o homem terá desaparecido, terá ido para o beleléu, com suas irresponsabilidades, inconsequências e maluquices.

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