Não me foi
permitido pela vida seguir a formação regular e tradicional do ensino
fundamental nem do ensino médio, então denominados primeiro grau e segundo
grau, respectivamente. Estudei na escola – com, horário fixo, professor e
colegas, como normalmente se estuda – apenas um ano, 1976, quando já contava de
16 anos de idade. Quando voltei à escola, anos depois – 1994, para ser exato –,
foi para cursar o segundo ano do meu segundo curso de ensino médio. E,
novamente, em 1996, para cursar Direito, na Universidade Federal do Pará.
Fui um menino
um pouco diferente, talvez por causa da pobreza e timidez. Quando criança e
adolescente, não jogava bola e detestava na mais profunda significação da
palavra a aula de Educação Física do único ano em que frequentei a escola.
Sempre levei vida reclusa, em casa, em meio aos livros. Na juventude e na idade
adulta, não foi muito diferente: quando não estava trabalhando nem bebendo,
estava em casa, lendo, estudando. Como também não ia à academia, vivi
sedentariamente muitos anos.
Em 2005,
resolvi frequentar academia. Fiz academia durante alguns meses. Depois parei, embora
pensando em voltar, o que fui adiando, por motivos diversos. Tanto adiei que
não pude voltar. Em 2008, adoeci do coração e o médico, expressa e
terminantemente, proibiu-me de fazer atividade física. Proibição taxativa e sine die, por tempo indeterminado: atividade
física algum dia só se e quando a saúde permitisse fazê-lo.
Foi terrível, parecia mesmo o fim. Expressei
minha angústia na crônica O Cardiopata,
publicada nos jornais marabaenses Correio
do Tocantins e Opinião, e nos
meus blogues, em 15 de setembro de 2008. Eu, contudo, sou disciplinado e não
desisto fácil. Fiz o compromisso comigo mesmo de um dia, sem muito demora,
voltar às atividades físicas. Caramba, chega-me a arrepiar quando me
lembro do meu estado e da minha determinação! A despeito da minha determinação,
tudo parecia um sonho, muito remoto e sem sentido. Às vezes (muitas vezes, por
sinal), eu desacreditava.
Agora, porém, não é mais assim. A realidade
já não é tão sombria. Tudo muda, tudo passa. Nos exames mais recentes, o
cardiologista me autorizou a fazer caminhadas, embora o tenha feito com a recomendação de que o faça
moderadamente por enquanto (até que, sem pressa, eu faça uma cintilografia e tenhamos o resultado). E, caso sinta qualquer mal-estar, pare imediatamente. Desnecessário
dizer da minha alegria, claro. Exultei!
Já há duas
semanas, caminho todos os dias, exceto aos domingos, no Aeroporto de Marabá “João
Correa da Rocha”. Tenho caminhado mais de hora todos os dias. Vou a pé ao
aeroporto, cerca de quinze minutos. Lá ando durante uma hora e depois volto
para casa a pé. São oito voltas de sete minutos cada uma na quadra de frente do
aeroporto. Desde ontem, 20 de janeiro de 2014, passei a dar dez voltas, uma hora
e quinze minutos. É muito bom estar lá
todos os dias, caminhando juntamente com dezenas de pessoas de ambos os sexos e
várias faixas etárias!
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