quinta-feira, 6 de março de 2014

O que sinto hoje, “hic et nunc”




Há 54 anos, no dia 6 de março de 1960, nascia, no seio viçoso da Amazônia, este cantinho lindo e encantador do Universo, lá na pequeníssima São Domingos do Araguaia, Estado do Pará, este cara aqui, escrevinhador de baboseiras. Para alguns, a partir daquele instante e por causa daquele singelo acontecimento, o mundo ficava mais bonito. Para outros, nem tanto, claro. É natural.


Olho do alto (ou seria da baixeza?) da minha imperfeição como homem e nem sei o que dizer. Um sentimento profundo de preguiça e talvez de inutilidade me impede de dizer o que sinto. Meu coração bate mais aceleradamente, embora dentro do normal, desde as 5 horas desta manhã de 6 de março de 2014, quando acordei espontaneamente e levantei-me.

Lembranças mil, saudade imensa de pessoas, lugares e momentos vividos, sofridos, perdidos ou não. Alegrias, tristezas, esperanças, fracassos, realizações. Anseios, medos, devaneios. Vontade de chorar, de correr, de gritar, de estar com tanta gente de cuja companhia, de cujo calor, cheiro, voz e carinhos fui impedido pela vida. Vontade de matar meus inimigos. Sim, eu confesso: às vezes tenho ódio, ira contra gente desgraçada. Sou homem, sou imperfeito e já, algumas vezes, fui ofendido injustamente. É natural, pois, ter tais sentimentos conquanto não deva alimentá-los. Sim, eu sei que não devo alimentá-los, acalentá-los, nutri-los, mas eu os tenho e não me pejo de confessá-los nem tenho medo de fazê-lo. Sei que, bíblica e teologicamente falando, já matei pelo só fato de ficar irado e ter a vontade, o desejo profundo de matar. Eu sei.

Tenho, às vezes, sede de vingança e, por isso, se o homicídio não fosse crime, se não fosse crime matar, eu já teria dado cabo de alguns indivíduos que, ao longo da minha existência e segundo a minha maneira de ver e sentir, fizeram por merecê-lo. Já me deparei com muita gente ruim, embora eu saiba que podem dizer o mesmo de mim. Ah, que se danem! Não estou nem aí. Ufa!... Ninguém é perfeito neste mundo, por óbvio demais que seja dizer isso. E eu tenho convicção das minhas imperfeições. No entanto, a despeito de tudo isso, acreditem: estou feliz. Sim, estou feliz.

Deus, para os que creem como eu, concedeu-me, única e inteiramente por sua bondade e misericórdia, 54 anos de vida! A ele toda a honra e toda a glória eternamente! Aos meus parentes e amigos, com realce especial para minhas tantas amigas, a minha mais profunda gratidão que expresso em uma palavra: Obrigado!

Ah, sim!... Quero continuar sendo, apesar de tudo, uma fonte de bênção na vida das pessoas, um porto seguro para minha família e meus amigos, para os que dependem de mim. Quero continuar sendo útil de alguma forma para o mundo e, acima de tudo, cativando e sendo cativado. Como disse Antoine de Saint-Exupéry: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” Eu creio nisso.